Uma ilha mítica
no arquipélago dos Açores corre o risco de
desaparecer por falta de população. Adriana,
filha do homem mais importante do sítio, é
enviada ao continente com a missão de “constituir
família por métodos naturais”. Eis a
breve história de “Adriana”, o mais recente
filme da realizadora covilhanense Margarida Gil, vencedor
de três prémios no II Festival de Cinema da
Covilhã: Grande Prémio “Cidade da Covilhã”
(melhor filme de longa metragem), Prémio do Júri
para Melhor Realizador de Longa Metragem e, finalmente,
o mais importante para a cineasta, o Prémio do Público
para Melhor Filme de Longa Metragem. “Toca-me imenso
este prémio. O que caracteriza o filme é o
facto de tocar às pessoas e isso é para mim
a maior compensação”, revela Margarida
Gil, surpresa com o que a sessão de encerramento
da segunda edição do Festival de Cinema da
Covilhã lhe tinha reservado, no último sábado,
4, no Teatro-Cine. “Adriana” é o sexto
trabalho da realizadora natural da cidade serrana, uma espécie
de conto infantil para adultos, onde o espectador é
transportado para o paraíso natural do arquipélago
açoriano. Uma película também vencedora
do Prémio Melhor Filme Português no Indie Lisboa
2005.
Mas não foi apenas a película de Margarida
Gil a ter destaque e a arrebatar prémios neste II
Festival, onde a cinematografia portuguesa esteve em evidência.
D. Nieves, o primeiro trabalho do também realizador
covilhanense Miguel Gonçalves Mendes, arrecadou o
Prémio do Público para Melhor Realizador de
Curta Metragem. Ainda nesta categoria (Prémio do
Público), o troféu de Melhor Filme de Curta
Metragem foi para Estrela da Tarde, de Madalena Miranda.
O Júri decidiu ainda atribuir uma menção
honrosa para Melhor Realizador a Miguel Gomes, com o filme
A Cara que Mereces. Ricardo Aibéo, com Estratagema
do Amor, recebeu a “estatueta” para Melhor Realizador
de Curta Metragem, enquanto que Rita Durão, em André
Valente, foi considerada pelos jurados como a Melhor Intérprete
de Longa Metragem. O prémio de Melhor Filme de Curta
Metragem foi para Abraço do Vento, de José
Miguel Ribeiro. Os promotores do Festival, a Delegação
da Covilhã do Inatel, atribuíram ainda o Prémio
Especial de reconhecimento de carreira e contribuição
artística ao realizador Paulo Rocha.
“Filmes de grande qualidade”
A satisfação dos organizadores era visível
no final de uma iniciativa que, pelo segundo ano, promoveu
e difundiu a cultura cinematográfica, não
só pela Covilhã, mas também pelo
Fundão, Idanha-a-Nova, Sertã e Castelo Branco.
Joaquim Diabinho, director de programação
do Festival, evidenciou essa característica: “Os
covilhanenses, e não só, tiveram oportunidade
de se libertar, por alguns dias, do espartilho da interioridade
e ver filmes de grande qualidade do mundo inteiro”.
Este responsável destaca, igualmente, a importância
que a iniciativa procurou dar ao cinema português.
Por seu turno, o delegado distrital do Inatel, Bernardino
Gata, focou a “consolidação e afirmação
da Covilhã cultural”, bem como a parceria
com a Licenciatura em Cinema da Universidade da Beira
Interior, “uma alavanca e âncora que levará
a que este Festival se institua no panorama nacional”.
O visionamento de Desejos Ocultos, curta metragem resultado
do workshop realizado durante os dias em que decorreu
a iniciativa, fechou a tela do II festival de Cinema da
Covilhã. |