Adriana
de
Margarida Gil
Uma
ilha mítica no arquipélago dos Açores
corre o risco de desaparecer por falta de população.
Adriana, filha do mais abastado patriarca é enviada
ao continente com a missão de “constituir
família por métodos naturais”.
O objectivo consignado a Adriana em breve se transforma
num pesadelo equívoco: verdadeiro road-movie, odisseia
sexual e photomaton do Portugal de hoje com as suas múltiplas
vozes, cores, pronúncias, cantos, classes e trabalhos.
Como continuam e não continuam os homens e as mulheres,
as suas felizes e infelizes contradições,
no “desconcerto do mundo”.
A viagem de Adriana é um percurso pela orla atlântica
dos Açores até ao Norte de Portugal; tapeçaria
que deverá reflectir personagens a um tempo divertidas
e actuais e fazê-las revelar-se em situações
de comédia.
Adriana é uma comédia; uma feérie
com os seus alçapões, um tom por vezes trágico
e lírico, nada incompatível com o género.
A afinação, a ironia, o ritmo são
a difícil arte da comédia. O tom, o tempo
justo. Nada a mais, nada a menos. A realidade, mesmo grotesca,
ultrapassa a ficção.
Fazer sorrir, rir (há algo de melhor?) e não
cair na caricatura, no traço grosso, na pornografia.
Este filme é um exercício de ironia, benevolente
mas por vezes cruel sobre o Portugal de hoje, com as suas
muitas e variadas vozes.
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