Quatro comunicações
e posterior discussão constituíram uma conferência-debate
ligada ao tema do Processo de Bolonha, que teve lugar no
Anfiteatro das Sessões Solenes da UBI, por iniciativa
do Conselho Pedagógico daquela Universidade, no passado
dia 25 de Maio.
Luís Carrilho, vice-reitor da UBI apresentou o tema
«Bolonha na mudança», Luís Sebastião,
da Universidade de Évora, seguiu-se com «De
Oxford a Bolonha, ou entre Sila e Caríbdis».
Depois foi a vez de Vítor Reia-Baptista, da Universidade
do Algarve apresentar «Bolonha antes do tempo: o meu
percurso de construção curricular»,
para Nuno Costa, presidente da AAUBI finalizar com «Bolonha
do lado dos alunos», tendo-se depois entrado no debate.
Quanto ao tema da conferência – «Bolonha:
novas formas de aprender e ensinar» –, tanto
nas comunicações como no posterior debate
com a assistência, a maioria dos intervenientes concordou
que é preciso haver mudanças nos dois pólos
implicados na questão: os docentes e os estudantes.
Santos Silva, reitor da UBI, destacou que "os semestres
de muitos cursos são apenas de 12 semanas com 20
horas de trabalho por semana, o que perfaz um total de 240
horas apenas, já não contando com as faltas
dos alunos". Para o reitor "tudo é um problema
de organização, responsabilização
(de alunos e professores) e volume de trabalho". Santos
Silva, que assistiu à conferência e aproveitou
para deixar algumas ideias no final, frisou ainda que "é
preciso também tornar os cursos apelativos e os alunos
têm que perceber que o que aprendem tem aplicação".
Oportunidade de mudança
Que o sistema de ensino português tem alguns vícios
e que necessita de uma mudança foi uma ideia com
que muitos dos presentes concordaram. Um deles é
a falta de trabalho dos alunos e o comodismo de professores
que se limitam a despejar matérias e avaliar por
testes, não havendo uma aposta na qualidade e investigação.
Para isso, todos foram unânimes em apontar Bolonha
como uma oportunidade única de mudança,
tendo-se ouvido muito a expressão - «uma
janela de oportunidade que é necessário
agarrar». Só que neste caso a concordância
continuou quanto à resistência à mudança
apresentada não só pelos portugueses, como
por outros países, o que tem vindo a travar a implantação
da Declaração de Bolonha, que, lembre-se,
é já de 1999.
Luís Carrilho apresentou a evolução
deste processo desde a sua fase inicial com a Declaração
de Sorbonne, ainda em 1998, até hoje, onde na Declaração
de Bolonha se apontava 2010 como a data prevista para
a implantação do processo. Carrilho disse
depois que, actualmente, "aponta-se 2010 como uma
das etapas no início do Processo de Bolonha".
Outras questões da criação do espaço
europeu de ensino, objectivo da Declaração
de Bolonha, se levantaram, tais como a mobilidade e o
sistema de transferência de créditos, o financiamento,
a duração dos ciclos, com a já célebre
questão dos três mais dois ou quatro mais
um ano, sendo o primeiro ciclo para graduação,
e o segundo para pós-graduação. Estas
e outras questões foram analisadas, problematizadas
e discutidas, com a apresentação de diversos
pontos de vista.
Nuno Costa aproveitou ainda para anunciar que a AAUBI
irá lançar uma campanha para explicar aos
estudantes da UBI o que está a ser feito, em relação
ao processo de Bolonha, tanto na sua Universidade como
noutros locais. |