Debater o associativismo foi um dos objectivos deste encontro
VIII Tertúlia Academista
Dirigentes associativos queixam-se
da indiferença do Governo

Como já vem sendo hábito, o Académico dos Penedos Altos promoveu um encontro entre as várias associações desportivas do concelho. No evento foram apresentados os problemas que acontecem no associativismo.


NC / Urbi et Orbi


Pelo oitavo ano consecutivo, o Académico dos Penedos Altos promoveu na sua sede mais uma edição da Tertúlia Academista que reúne várias colectividades do concelho para discutir vários aspectos do fenómeno do associativismo.
Este ano dedicado ao próprio dirigismo associativo, a reunião não levantou a acesa discussão e debate já habituais nestes eventos. Isto porque, no que toca ao dirigente associativo, a opinião é, de um modo geral, unânime: “O dirigente associativo é desconsiderado pelo Poder Central”. Neste ponto, todos estão em acordo, e vários presidentes e directores das colectividades presentes lembraram, uma vez mais, que as colectividades estão, no que toca à cultura e ao desporto, a compensar a falta de iniciativas do Governo, ocupando diariamente uma parte significativa da população de todas as idades.
Em um outro ponto todos parecem, também, estar de acordo. “O associativismo já conheceu melhores dias”, atira o anfitrião Carlos Silva, que poderá estar de saída da direcção do Académico. “Há quatro ou cinco anos parecia estar a retomar, mas agora parece-me que os dirigentes estão mais afastados do que nunca”, completa.
A indiferença dos jovens, cada vez mais afastados das sedes das colectividades, é a principal causa da crise. Mas os presentes apontam ainda a “falta de imaginação na resolução de problemas e no lançamento de iniciativas” e a “falta de planeamento a médio e longo prazo”. E é precisamente a uma revolução nestes dois últimos aspectos que os representantes do Instituto Nacional do Desporto, Rui Quelhas, e do INATEL, Bernardino Gata, apelam. “Há que parar para pensar antes de entrar numa qualquer actividade”, defende Quelhas, “para que os clubes não entrem em megalomanias”, completa Gata.
Ainda assim, os dirigentes reclamam do Poder Central mais atenção e reconhecimento. O há muito badalado “Estatuto de Dirigente Associativo”, que traria incentivos aos líderes das colectividades, é um projecto que continua nas gavetas ministeriais. Isto apesar de Joaquim Matias, vereador municipal com o pelouro do associativismo, assegurar uma “pressão constante sobre o ministro que tutela o Desporto ao longo dos três últimos Governos”.