Defender o sector
têxtil e discutir os problemas do mesmo, foi o objectivo
da sessão pública organizada pelo Partido
Comunista Português (PCP) da Covilhã. A comitiva
comunista, chefiada pelo líder da bancada parlamentar,
Bernardino Soares, dedicou o dia a visitar a empresas
têxteis em situação de falência
e os trabalhadores desempregados. A visita pretendia juntar
dados referentes a esta indústria transformadora
da Beira Interior para apresentar no debate, requerido
pelo PCP, na Assembleia da República (AR), que
aconteceu na passada quarta-feira, 18 de Maio.
“Um balanço preocupante” é como
Bernardino Soares descreve a situação que
o sector têxtil atravessa actualmente, nomeadamente
na Beira Interior, onde é responsável por
“um quarto das exportações nacionais”.
Segundo dados do PCP só no distrito de Castelo
Branco declararam falência cerca de 30 indústrias,
nos últimos três anos, deixando desempregados
aproximadamente três mil trabalhadores. No distrito
da Guarda, o panorama não é tão negro,
mas, durante o mesmo período de tempo, encerraram
oito empresas e cerca de mil pessoas perderam os postos
de trabalho. Ou seja, no total, quatro mil empregos em
três anos, na Beira Interior. O líder parlamentar
lamentou a situação que o sector atravessa
e exigiu ao Governo medidas de protecção
e remodelação das indústrias. “No
sector têxtil nada mudou até ao momento”,
acusa Soares.
Mas as críticas ao executivo de Sócrates
continuaram, uma vez que os comunistas rejeitam atirar
as culpas para a China e para os seus produtos vendidos
a baixos preços. “É claro que o governo
chinês quer produzir mais e luta pelos seus interesses,
mas o Governo português deveria fazer o mesmo e
accionar a Cláusula de Salvaguarda” (CS),
remata. Para o líder do grupo parlamentar, a União
Europeia negociou a favor dos interesses de países
mais fortes, dando como moeda de troca o sector têxtil”.
Desta forma, o PCP atira as culpas para os Governos socialista
e social-democrata de delegarem a negociação
da entrada da China na Organização Mundial
do Comércio, sem ressalvarem os interesses nacionais.
Apesar de acreditar que “é difícil
recuperar o que já está perdido”,
Bernardino Soares defende que se a Cláusula de
Salvaguarda fosse pedida neste momento poderia “ajudar
na recuperação do sector”. A CS é
um mecanismo que pode ser requisitado, na União
Europeia, por um país, ao nível de contratos
comerciais, como prática de defesa de um sector
ou produto. Em caso da CS ser pedida durante este ano,
teria uma validade até 2008, atitude que os comunistas
garantem ser a adequada, uma vez que “os problemas
dos têxteis portugueses resolvem-se em Portugal”.
O líder da bancada parlamentar, exigiu ainda ao
Governo um “programa de intervenção
integrada na Beira Interior”, como forma de “por
um travão” ao crescente agravamento da crise.
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