Dois dos mais conhecidos escritores
ibéricos da actualidade estiveram na UBI
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Encontros na
fronteira
Barreiras da literatura
Dois escritores de
renome e um anfiteatro cheio foram os ingredientes de
um “bolo” literário. Numa acção
promovida pelo Departamento de Letras, as línguas
faladas na Península Ibérica estiveram em
análise.
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Por Eduardo
Alves
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Olhar para um passado
recente significa “olhar para dois países divididos
por fronteiras físicas”, adianta António
Colinas, escritor espanhol. Para este ícone ibérico
da produção lírica é bastante
comovente “passar de Espanha para Portugal através
de uma porta sempre aberta”.
Estas notas geográficas serviram de introdução
para que um dos mais prestigiados escritores espanhóis
da actualidade falasse sobre a relação entre
a língua portuguesa e a língua espanhola.
Para António Colinas, “o idioma de Cervantes
andou sempre de mãos dadas com o de Camões”.
A proximidade e sobretudo, um conjunto de actividades culturais,
religiosas e profissionais, muito próximas, levaram
a que as duas línguas, “embora com algumas
diferenças” se mostrem muito semelhantes no
seu âmago.
A acção promovida pelo Departamento de Letras
juntou várias dezenas de alunos no Anfiteatro da
Parada da UBI, na passada sexta-feira, 13. Alunos que vieram
para assistir a uma aula diferente do habitual. Os dois
escritores não se mostraram contrários ao
propósito e falaram também sobre as suas obras,
sobre a literatura e sobre a importância de “escrever
para manter um povo vivo”, sublinha Mário Cláudio.
Recentemente agraciado com Prémio Fernando Pessoa,
este escritor português é um dos grandes narradores
da literatura portuguesa, da actualidade. Veio pela segunda
vez à UBI “falar sobre o significado de ser
português”. Numa primeira fase em que o autor
fez questão de apresentar todo o seu percurso literário,
“até porque, uma pessoa, um escritor, muda
muito a sua forma de pensar e de estar ao longo da vida”.
Desde a mudança operada no pensamento luso com a
Revolução dos Cravos, até aos conflitos
da actualidade, Mário Cláudio passou em revista
os pontos mais importantes da sua maratona literária.
Perante a audiência composta maioritariamente por
alunos de Letras, Mário Cláudio e António
Colinas falaram sobre escritores, sobre a escrita e sobre
as várias expressões da língua. Os
dois convidados foram unânimes em referir que “não
existem escritores portugueses e escritores espanhóis”.
Num espaço tão pequeno como é a Península
Ibérica “faz cada vez menos sentido estar a
falar em dois estilos de escrita diferentes”, remata
Mário Cláudio.
Outra das preocupações que estes intervenientes
fizeram questão de banir foi a da “crise criativa”
Para estes dois homens das letras “sempre se falou
que o teatro está em crise, a literatura está
me crise, assim como outras actividades artísticas”.
Contudo, “as grandes obras artísticas continuam
a ser produzidas”, remata António Colinas.
Palavras que agradaram o muito público jovem presente
no anfiteatro. |
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