Os agricultores que
pertencem à Direcção Regional de
Agricultura da Beira Interior (DRABI) vão ter acesso
a uma linha de crédito para fazer face aos prejuízos
provocados pela seca. O Conselho de Ministros aprovou
três decretos que criam linhas de crédito,
até ao montante máximo de 125 milhões
de euros, para apoiar agricultores que têm sentido
as dificuldades da falta de água.
Segundo o secretário de Estado da Presidência,
Jorge Lacão, estas medidas destinam-se “a
sustentar a actividade económica agrícola,
que atravessa um período difícil em consequência
das actuais condições climatéricas”.
Uma das linhas de crédito, no montante máximo
de 50 milhões de euros e de curto prazo, destina-se
a financiar entidades do sector pecuário extensivo
criadoras de bovinos, ovinos e caprinos, bem como das
entidades que se dediquem à apicultura. As estas
linhas de crédito terão acesso pessoas singulares
ou colectivas cujas as explorações agrícolas
se situem na Beira Interior, Trás-os-Montes, Ribatejo
e Oeste, Alentejo e Algarve. Os empréstimos, que
beneficiam de uma bonificação de 100 por
cento, são concedidos pelo prazo máximo
de um ano a contar a data da sua primeira utilização.
Esta linha de crédito terá que ser utilizada
no prazo máximo de quatro meses após a data
do contrato.
A segunda linha de crédito aprovada, no valor máximo
de 45 milhões de euros, destina-se a entidades
do sector pecuário extensivo, tendo em vista que
procedam aos investimentos necessários ao abeberamento
dos animais. Com esta linha de crédito o Governo
pretende apoiar a abertura de furos, poços ou captações
similares e montagem de equipamento de bombagem, através
da aquisição de bebedouros e cisternas.
A terceira e última linha de crédito, até
ao valor máximo de 30 milhões de euros,
visa apoiar pessoas singulares ou colectivas do sector
horto-frutícola. Podem candidatar-se a esta linha
de crédito quem, em consequência da seca
e que tenha actividade nas zonas com maior falta de chuva,
comprove ter sofrido uma quebra de produção
igual ou superior a 20 por cento em relação
à produção normal. Já os agricultores
de zonas menos afectadas pela seca só poderão
ter acesso à linha de crédito se tiverem
registado uma quebra de produção igual ou
superior a 30 por cento relativamente à produção
normal.
Associações de agricultores satisfeitas
Os responsáveis das três confederações
de agricultores - CAP, CNA e Confagri – mostraram-se
na passada semana satisfeitos com as medidas do Governo
para combater os efeitos da seca no sector, mas querem
que estas sejam complementadas com outras de médio
e longo prazo. João Mira, presidente da Confederação
dos Agricultores de Portugal, diz que este montante permite
fazer face "às situações mais
dramáticas", mas terá de ser reforçado
a prazo, para compensar os agricultores pelos prejuízos
causados pela seca, e permitir o relançamento das
culturas.
A Confederação calcula que os prejuízos
da Agricultura com a situação de seca em
todo o País atinjam mil milhões de euros,
e vem pedindo ao Governo um crédito de 500 milhões
de euros. A situação de seca em Portugal
melhorou na última quinzena de Abril, com a percentagem
de território com níveis mais extremos a
descer de 80 para 63 por cento, segundo o Instituto da
Água (Inag). Na primeira quinzena de Abril, os
piores níveis de seca (severa e extrema) atingiram
80 por cento do território, o que revela uma melhoria
de 17 por cento no total da zona afectada.
Apesar de a situação ter melhorado em termos
quinzenais, o secretário de Estado do Ambiente,
Humberto Rosa, explica que a seca se agravou em termos
mensais, quando comparado todo o mês de Abril (63
por cento de seca severa e extrema) com o mês anterior
(52 por cento). Não obstante, Humberto Rosa classificou
a situação actual como "não
preocupante". O número de pessoas afectadas
por problemas de abastecimento de água também
baixou, de 32 mil na primeira quinzena de Abril para 8400
pessoas no final do mês. Esta redução
explica-se pela precipitação no final do
mês na região Norte.
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