Mais uma vez os voluntários
recolheram alimentos junto das superfícies comerciais
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Recolha de alimentos
Um dia no banco que alimenta
duas mil bocas
O Banco Alimentar
Contra a Fome da Cova da Beira levou a cabo mais uma campanha.
No final foram angariadas cerca de oito toneladas de produtos
alimentares, para distribuir por instituições
que auxiliam cerca de mil e 400 adultos e 600 crianças.
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Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi
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Uma “experiência
emocionante” é como Paulo Pinheiro, presidente
em exercício do Banco Alimentar Contra a Fome, da
Cova da Beira, descreve o ambiente vivido no armazém.
A associação existe legalmente há dois
anos, mas já organiza campanhas de angariação
de produtos alimentares há três. Actualmente
o Banco Alimentar auxilia cerca de mil e 400 adultos e 600
crianças, em toda a região.
A criação do Banco Alimentar Contra a Fome,
da Cova da Beira, surgiu em “conversas de café,
mas com consciência de solidariedade e desejo de se
fazer algo de diferente e bom”, esclarece Paulo Pinheiro.
Entretanto, o que era apenas uma ideia transformou-se em
projecto, e assim começou a funcionar, em Maio de
2002, o Banco Alimentar Contra a Fome da Cova da Beira.
Segundo conta o presidente em exercício, o trabalho
no início foi feito de uma “forma amadora”,
pois a associação não tinham dados
sobre o nível de necessidades das pessoas da Cova
da Beira. Mas após “tomar consciência
dos problemas existentes, compreendemos que o Banco Alimentar
(BA) tinha de trabalhar a cem por cento e começamos
a encarar tudo de forma mais séria”, adianta.
No total, esta associação de voluntários
auxilia cerca de duas mil pessoas, sendo 600 menores de
idade. Apesar deste valor, o Banco Alimentar considera que
existem “muitas mais pessoas a passar necessidades”.
E caracteriza a situação como “fenómeno
da pobreza envergonhada”, ao referir-se às
pessoas que perderam o emprego e têm vergonha de pedir
ajuda. A falência de diversas fábricas de têxteis,
na região, contribuiu para um aumento significativo
de pedidos de auxílio junto de instituições
sociais, em cerca de “30 por cento”, acrescenta.
O BA faz a angariação de produtos alimentares
nos hipermercados da Covilhã, Fundão, Belmonte,
Tortosendo e pela primeira vez, na Guarda. “A campanha
está a correr muito bem”, uma vez que ao final
na tarde do primeiro dia, sábado passado, 7, já
tinha sido recolhido cerca de oito toneladas de alimentos,
assegura.
A Guarda é, pela primeira vez, zona de recolha, uma
vez que é também o primeiro ano que o Banco
Alimentar distribui produtos em instituições
do distrito. “A cidade da Guarda tem sido muito solidária”,
frisa, pois “significa que confiam no Banco Alimentar”.
Actualmente são ajudadas diversas instituições
como as Conferências de São Francisco de Paulo,
infantários e centros de terceira idade. Mas para
serem auxiliadas, o BA exige que certos requisitos sejam
cumpridos. As instituições têm de obedecer
às condições impostas como “ser
transparentes no seu trabalho e com o BA”, esclarece
Pinheiro. O Banco Alimentar funciona com uma Comissão
de voluntários, que se encarrega “exclusivamente”
de contactar e averiguar a situação de cada
instituição que é auxiliada. Têm
de ser disponibilizadas todas as informações,
nomeadamente, os dados financeiros e os processos de todos
os inscritos. E explica que o “BA deve poder deslocar-se
a casa dessas pessoas e questioná-las, para saber
das suas condições financeiras e se recebem
ou não a ajuda que enviada”.
“Ser voluntário é um bichinho
que fica dentro de nós” |
Mais de mil lares recebem apoio desta instituição |
No armazém, a azáfama é grande quando
chega uma carrinha de recolha. Tirar os sacos e passá-los
de mão em mão até chegarem à
mesa, onde são separados e em seguida pesados e arrumados.
Óleos para um lado, massas para outro, leite nas
prateleiras ao fundo, bolachas, feijão e os restantes
alimentos nas estantes na parede em frente à porta.
Mariana Gouveia, 28 anos, é voluntária desde
que o BA iniciou as campanhas na Cova da Beira, mas já
tinha ajudado numa outra em Lisboa. Todos os anos tem sido
a responsável de loja das campanhas, mas nesta campanha
só veio ajudar no armazém, pois trouxe consigo
a sua filha Eduarda, que tem dois meses e necessita de muita
atenção. Apesar da pouca disponibilidade,
Mariana Gouveia assume que não foi capaz de ficar
em casa, pois sabia que a sua ajuda era necessária.
“ Ser voluntário é um bichinho que fica
dentro de nós, porque é uma experiência
muito gratificante”, descreve ao explicar a sua ânsia
por participar na campanha. Mas, para Mariana Gouveia, o
que mais a comove nesta iniciativa, são as histórias
compartilhadas entre quem dá e quem recebe. “Fico
contente por ajudar e pelo sucesso da recolha, mas fico
muito emocionada com as experiências particulares
que nos contam, de pessoas que têm pouco, mas que
também dão”, remata.
Nuno Lourenço, 29 anos, é escuteiro do agrupamento
do Tortosendo e ajuda no BA já há dois anos.
E esclarece que também ajudam nos hipermercados no
Tortosendo, mas quando é necessária ajuda
no armazém, os escuteiros são destacados para
lá. Para Lourenço, deviam existir mais iniciativas
como esta, uma vez que existem “muitas pessoas a precisar
de auxílio e nunca é o suficiente”.
Apesar do trabalho estar a ser “um bocadito duro”,
este escuteiro garante que o tempo que despende nas campanhas
é “produtivo, porque estou a ajudar alguém”.
O Banco Alimentar da Cova da Beira conta actualmente com
cerca de 350 voluntários que trabalham no armazém,
no transporte e no contacto directo com as populações
junto dos hipermercados. |
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