A conferência foi promovida
no âmbito dos mestrado e MBA em Gestão de
Unidades Hospitalares
|
Manuel Delgado,
presidente da APAH
“Governo faz bem
em mudar o modelo dos hospitais”
O presidente da Associação
Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e Associação
Europeia de Administradores Hospitalares, esteve na Covilhã
para falar de qualidade em saúde.
|
Por Fábio
Moreira
|
|
|
Manuel Delgado, presidente
da Associação Portuguesa de Administradores
Hospitalares e que desempenha o mesmo cargo a nível
europeu, mostra-se favorável à decisão
do governo de José Sócrates de substituir
o modelo dos Hospitais S.A. por entidades públicas
empresariais.
Para Manuel Delgado, “o governo faz bem em mudar o
modelo dos hospitais porque podemos obter vantagens de modelos
mais flexíveis de gestão sem tirar os hospitais
do Estado”. Essa separação, defende
Delgado, “tiraria a responsabilidade ao Estado, de
modo que assim há mais garantias para os cidadãos”.
Garantia, ou falta dela, que nesta óptica afectaria
a qualidade dos serviços prestados nos hospitais.
E foi precisamente sobre “Qualidade em Saúde”,
que Delgado esteve a falar na UBI, numa conferência
com o mesmo nome.
O evento teve lugar no anfiteatro 7.21 e dirigiu-se directamente
aos alunos do MBA/mestrado em Gestão de Produtos
farmacêuticos e do MBA/Mestrado em Gestão de
Unidades de Saúde. Para além destes alunos,
marcaram também presença, vários profissionais
de saúde, que intervieram e incentivaram o debate.
As grandes falhas de qualidade nos hospitais portugueses
são, para Manuel Delgado, “a falta de critérios
que garantam a qualidade clínica e a falta de qualidade
ao nível do conforto, atendimento e acessibilidade”.
No entanto, afirma que “apesar da falta de critérios,
os portugueses podem confiar nos profissionais porque temos
uma medicina técnica e cientifica competente, assim
como a enfermagem”.
|
Segundo este gestor, os cuidados de saúde
prestados em Portugal são rigorosos |
No que diz respeito à conferência, Manuel Delgado
preocupou-se em definir com precisão o que é
a qualidade em saúde.
Delgado alertou para o facto de “a certa altura se
ter pensado que a qualidade é humanização,
tratar os doentes dando-lhes conforto e comodidade”.
Para Delgado “qualidade também é qualidade
clínica. A humanização tem de existir,
mas não é a questão fulcral da qualidade.
Esta é a componente técnico-científica
da prestação e também a componente
interpessoal entre profissionais e doentes”.
Com maior profundidade, foi definida qualidade como “fazer
as coisas certas, para as pessoas certas, na proporção
certa, no tempo e local certos”. Delgado sistematizou,
assim, a qualidade em seis dimensões: eficácia
– o benefício para a sociedade; eficiência
– a questão dos custos adequados; equidade
- dar a todos consoante a sua necessidade; aceitação
ética do que se faz em medicina; adequação
dos recursos às circunstâncias; e acessibilidade
dos cidadãos aos serviços. Quanto aos cuidados
de saúde em si, Delgado afirma a ideia de que “não
basta ter estruturas para haver qualidade, mas é
preciso ver o que se faz lá dentro, o processo em
que se dão os cuidados”.
O orador alertou para o papel dos profissionais no relacionamento
com o doente porque, para ele, “estes têm fragilidades
e consomem pela negativa, porque perderam algo”, ou
seja, não tentam adquirir nada com o seu consumo,
mas recuperar. Ao contrário de uma situação
normal em que o consumidor sabe o que consome, neste caso
particular não é “a relação
com os profissionais de saúde é de quem sabe
para quem ignora e, por isso, é fundamental o papel
dos profissionais para amenizar as preocupações
do doente”, reitera Delgado. |
|
|