Por Eduardo Alves


O vereador na oposição, Miguel Nascimento questiona o facto de existir na Câmara da Covilhã uma vereadora sem qualquer pelouro

Um golfe de 18 buracos vai nascer na Quinta do Corjes. Esta foi uma das principais conclusões dos trabalhos executados em mais uma reunião de carácter privado do executivo municipal covilhanense.
Na passada sexta-feira, Alberto Alçada Rosa, sublinhou mais uma vez o seu papel de vice-presidente da autarquia, dada que a suspensão de mandato do presidente eleito, como é o caso, o coloca à frente dos destinos do município. Foi pele voz do também responsável pelos Serviços Municipais de Águas e Saneamento (SMAS) que se conheceu a intenção do grupo Brancal de construir um campo de golfe com 18 buracos numa propriedade junto ao Bairro do Covelo, na Covilhã. A “autarquia, e por se tratar de um projecto de capitais privados, não tem qualquer tipo de papel deliberativo”, explicou o agora presidente Alçada Rosa. Contudo, o projecto foi dado a conhecer à Câmara, “no sentido desta tomar medidas de apoio ao projecto”. Estas acções passam por prestar algumas ajudas à implantação “de um projecto turístico e económico de grande valor para o concelho”, reitera Alçada.
Ainda nesta mesma reunião foi promulgado um acordo entre a Câmara da Covilhã e a REFER que diz respeito à reforma da zona da Estação. Um grande projecto que vai desde a passagem superior, junto ao Eixo T-C-T, até à ANIL. Toda a zona envolvente à linha de caminhos-de-ferro “vai ser melhorada”. João Esgalhado, vereador com o pelouro do Urbanismo explicou que o plano envolve vários projectos que passam pela demolição da actual sede da Associação Desportiva da Estação (ADE), pelo arranjo do edifício da estação de caminhos-de-ferro e pela construção de várias zonas pedonais e de recreio junto ao Jardim do Lago. Para aquela zona, a câmara aprovou a construção de vários empreendimentos imobiliários a serem suportados por capitais privados. Uma medida que vai agora ser tornada legal, com a assinatura de um contrato entre as partes envolvidas, para que os trabalhos “possam arrancar logo de seguida”, explica o vereador. Trabalhos que comportam também a construção de um hotel e de residências universitárias.

Vereadora sem pelouro e “presidente-deputado”

Quem não se mostrou tão positivo com a reunião de sexta-feira passada foi o vereador da oposição, Miguel Nascimento. O socialista apontou várias irregularidades que “acontecem nesta autarquia sem que ninguém faça ou diga nada em contrário”. Um dos primeiros pontos adiantados por Nascimento vai para a “falta de ética política” de Carlos Pinto. A suspensão de funções de presidente da autarquia tinha começado já antes do 25 de Abril, contundo “o então deputado aparece nas comemorações solenes do Dia da Liberdade como presidente da Câmara, inaugura obras camarárias, apresenta-se nas mesmas funções em diversos actos públicos, como é o caso do aniversário da UBI a 30 de Abril e em muitas outras situações”. Para Nascimento, estas atitudes transcendem o bom-senso e espelham “uma falta de ética pessoal e política” do social-democrata Carlos Pinto.
Ainda em relação à dança de cargos e cadeiras, Miguel Nascimento adianta um facto curioso, “que toma até alguns contornos hilariantes, mas que não deixa de ser um espelho da desorientação e desorganização do actual executivo camarário”. O vereador socialista referiu-se à nova vereadora social-democrata, Ana Simões, que até aqui desempenhava o papel de secretária do presidente. Simões é agora vereadora “mas sem pelouro”, sublinha Nascimento. Um facto que leva o socialista a duvidar, “não das capacidades pessoais, mas sim das funções desempenhadas por esta nova vereadora”. Isto porque, “se não tem qualquer pelouro, quais sãos as funções desempenhadas por esta pessoa”, interrogou Nascimento.
Outra das preocupações que foi mostrada por Nascimento prende-se com o endividamento da Câmara da Covilhã e com o facto de nenhuma acção prevista para contrariar esta tendência estar a resultar. Nascimento chegou mesmo a mostrar provas de tais afirmações com cerca de uma dúzia de lotes de terreno destinados a comércio e actividades turísticas, que foram colocados para venda em hasta pública, “mas que ninguém quis comprar”. Um dos procedimentos apontados pela câmara que tinham como objectivo fazer face ao endividamento “era a alienação de património”. Algo que não está a correr bem “como muitas outras coisas”, refere Nascimento. De entre os vários lotes de terrenos voltou a figurar uma superfície situada no acesso à Covilhã, onde a câmara espera ver nascer mais um hotel. Este lote está já colocado em leilão pela terceira vez. Contudo, “nem para este, nem para mais nenhum, existiram compradores”, afirma Nascimento. Daí que, para o único vereador da oposição, este seja mais uma “das muitas medidas do actual executivo” que não resultam.