Uma mina repleta de pepitas reluzentes


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Moby



V2 | 2005


Vamos deixar uma coisa bem clara desde o início: para aqueles que acompanharam com entusiasmo a carreira de Moby nos anos 90, na sua fase fundamentalmente techno que culminou com “I Like to Score” (1997), “Hotel” dificilmente será um disco agradável. Para os outros, os que gostaram da incursão pela pop em “Play” (1999) e “18” (2002), a nova experiência será suportável, até porque se trata de uma evolução natural no estilo do músico. Para os que sobram, aqueles que não gostaram nem da primeira, nem da segunda fase da carreira… talvez seja chegada a altura de darem uma terceira oportunidade ao rapaz.
Vamos deixar outra coisa bem clara: “Hotel” também não é o tributo ao pós-punk como o próprio autor quis dar a entender. Aliás, a única ligação plausível é mesmo “Temptation”, um cover dos New Order magistralmente interpretado por Laura Dawn. Sim, notam-se certos “tiques” de new wave e electro-pop numa ou outra faixa, mas as referências aos anos 80 ficam-se por aqui.
Certo é que, na humilde opinião deste escriba, o disco não merece a ferocidade das críticas que lhe foram dirigidas pela generalidade da imprensa – principalmente no seu próprio país. Aliás, se “Hotel” prova alguma coisa, é que o filão criativo de Moby está longe de esgotar, tantas são as “pepitas” que reluzem nesta mina: “Raining again”, “Beautiful”, “Lift me up”, “Spiders”, “Very” (que facilmente se confunde com um tema de Gary Numam) e “I like it” são as mais brilhantes. Mas todo o disco irradia uma aura de optimismo contagiante.
As musicas são simples? Os refrões, fáceis? Os ritmos, previsíveis?... E depois? Quem nunca empinou o traseiro numa pista de dança ao som de “Staying alive”, mesmo que num momento de insanidade ou de escárnio, que atire a primeira pedra!