Vamos
deixar uma coisa bem clara desde o início:
para aqueles que acompanharam com entusiasmo a
carreira de Moby nos anos 90, na sua fase fundamentalmente
techno que culminou com “I Like to Score”
(1997), “Hotel” dificilmente será
um disco agradável. Para os outros, os
que gostaram da incursão pela pop em “Play”
(1999) e “18” (2002), a nova experiência
será suportável, até porque
se trata de uma evolução natural
no estilo do músico. Para os que sobram,
aqueles que não gostaram nem da primeira,
nem da segunda fase da carreira… talvez
seja chegada a altura de darem uma terceira oportunidade
ao rapaz.
Vamos deixar outra coisa bem clara: “Hotel”
também não é o tributo ao
pós-punk como o próprio autor quis
dar a entender. Aliás, a única ligação
plausível é mesmo “Temptation”,
um cover dos New Order magistralmente interpretado
por Laura Dawn. Sim, notam-se certos “tiques”
de new wave e electro-pop numa ou outra faixa,
mas as referências aos anos 80 ficam-se
por aqui.
Certo é que, na humilde opinião
deste escriba, o disco não merece a ferocidade
das críticas que lhe foram dirigidas pela
generalidade da imprensa – principalmente
no seu próprio país. Aliás,
se “Hotel” prova alguma coisa, é
que o filão criativo de Moby está
longe de esgotar, tantas são as “pepitas”
que reluzem nesta mina: “Raining again”,
“Beautiful”, “Lift me up”,
“Spiders”, “Very” (que
facilmente se confunde com um tema de Gary Numam)
e “I like it” são as mais brilhantes.
Mas todo o disco irradia uma aura de optimismo
contagiante.
As musicas são simples? Os refrões,
fáceis? Os ritmos, previsíveis?...
E depois? Quem nunca empinou o traseiro numa pista
de dança ao som de “Staying alive”,
mesmo que num momento de insanidade ou de escárnio,
que atire a primeira pedra!