João Correia
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Comunicação
e política:
diagnósticos de inabilidade
A análise das relações entre comunicação
e política está na «moda». Segundo
dois estudiosos ingleses, os componentes de um sistema
de comunicação política são
os seguintes: a) as relações dos políticos
com os media; b) a relação dos jornalistas
com o poder e c) as necessidades das audiências:
o que as pessoas querem no que respeita à informação
produzida pelos media sobre política.
Os autores identificam quatro papéis potencialmente
susceptíveis de serem desempenhados pelos intervenientes.
Assim, a) ao papel de partidário desempenhado do
lado da audiência, corresponde um papel de orientação
doutrinária pelo pessoal dos media e um papel de
«gladiador» do lado dos políticos;
b) o cidadão liberal que busca informação
para tomar uma decisão seria complementado pelo
papel de moderador no que diz respeito ao pessoal dos
media e de persuasor por parte dos políticos; c)
o papel de inquiridor pelo lado da audiência seria
complementado pelo papel de vigilante pelo pessoal dos
media e de fornecedor de informação pelo
lado dos políticos; e d) o papel de espectador,
do lado da audiência, teria como contraponto o de
entertainer pelo pessoal dos media e de actor pelo lado
dos políticos: é o que acontece na chamada
informação sensacionalista.
Nos últimos meses, alguns políticos, a nível
nacional e local, optaram pelo papel de gladiadores. Exigem
aos media que cumpram um papel de orientação
ideológica na expectativa de arregimentarem audiências
partidárias. Ora, isso sucede em todos os sistemas
políticos mas no caso dos sistemas democráticos
é a excepção. Por dois motivos essenciais:
a) Desde logo, por uma questão de princípio;
2) também porque pode despertar ventos contrários.
A nível local, a polémica na Rádio
Clube da Covilhã é um caso de estudo. Pode-se
pressionar uma rádio. Mas será que vale
a pena? Um poder forte e inteligente deve ser persuasor
e não gladiador.
Na Covilhã, existem meios (económicos, tecnológicos
e humanos) para desencadear soluções equilibradas
e construtivas nomeadamente para apoiar empresas que queiram
colocar como único valor o interesse do concelho.
O trabalho efectuado no Departamento de Comunicação
e Artes da Universidade da Beira Interior, ao nível
de jornalismo radiofónico, escrito e televisivo
desperta o interesse de Universidades consideradas maiores.
Além disso, é insuspeito e inatacável.
Recentemente, um Editor de uma estação de
Televisão líder de audiências afirmava,
publicamente, na defesa de provas científicas de
Mestrado que a UBI era um exemplo de formação
jornalística ao nível técnico e teórico.
Ouvi-o da sua boca. A Covilhã às vezes desperdiça
o que tem de melhor. Por isso, é bom que se saiba
do que se está falar.
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