José Geraldes
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As
nossas mães
Há datas cujos
rituais de comemoração se tornam cansativos
e sem alma. O facto de serem repetitivos torna-os enfadonhos,
aborrecidos e tristes. Ou até com um ar fúnebre
que lhe rouba todo o sentido.
O Dia da Mãe foge a este tipo de comemoração,
pois tem sempre uma faceta de alegria mesmo para os que
já a perderam. Não há ninguém
que tenha o mínimo sentimento humano que não
conserva em si uma boa recordação da sua
mãe.
Aliás foi para mostrar mais concretamente o afecto
para com as mães que nasceu este Dia.
Nos princípios do séc. XX, Ana Jarvis, americana,
perde a sua mãe aos 41 anos de idade. Com a sua
irmã, sentiu no corpo e na alma o sofrimento de
que é de ficar sem mãe. Então, decide
lançar a iniciativa de um dia dedicado a todas
as mães para estimular a sua estima e consideração
pelos filhos. Desenvolve acções neste sentido,
contacta políticos e até o presidente Wilson
para conseguir o seu objectivo. E com tal êxito
que o primeiro Dia da Mãe se celebra com uma cerimónia
religiosa nos Estados Unidos estendendo-se logo a seguir
a todo o mundo.
A cerimónia reuniu apenas familiares e amigos.
Ana Jarvis adornou a igreja com cravos vermelhos para
lembrar as mães vivas e cravos brancos para as
mães desaparecidas. E escolheu o mês de Maio
para este comemoração.
Cada país escolheu um domingo de sua conveniência,
fixando-se, nos finais do séc. XX, no primeiro
domingo de Maio, a nível mundial.
Em Portugal, durante muitos anos o Dia da Mãe realizou-se
no dia 8 de Dezembro, festa da Imaculada Conceição,
padroeira do País, associando a data à Mãe
de Cristo.
Com o tempo, poetas, escritores e artistas plásticos
produziram obras de arte a assinalar o significado da
data.
A sociedade adoptou com ênfase o Dia da Mãe,
se bem que a publicidade lhe tenha dado uma dimensão
fortemente comercial, o que não está no
seu sentido das suas origens.
Por isso, importa dar ao Dia da Mãe um tom de celebração
familiar que a publicidade não pode traduzir. Trata-se
de viver sentimentos íntimos que devem ser respeitados
e não podem nem devem ser equiparados a operações
de comércio.
Só a palavra “mãe” evoca para
o ser humano uma realidade pessoal única. Falar
da mãe leva-nos a concretizar uma doação
total e uma preocupação sem medida. E um
amor impossível de traduzir por palavras humanas.
Mas a mãe implica a família já que
a maternidade não se reduz a um mero acontecimento
biológico. Daí que políticas estruturadas
para a família sejam condição para
que as mães realizem a sua missão.
Para os filhos, honrar a mãe é um título
de honra e de glória. E um dever a quem lhes deu
a vida. Quando a perdemos, vai-se um pouco de cada um
de nós. E, como diz a sabedoria popular, “quem
tem mãe tem tudo, quem não tem mãe
não tem nada”.
Um texto de Ramóm Angel Jara resume todo o significado
do Dia da Mãe. Escreve o autor chileno : “Uma
mulher existe que, pela imensidão do seu amor,
tem um pouco de Deus e muito de anjo.(...) Tem como recompensa
a felicidade dos que ama. (...) Sendo frágil consegue
reagir com a bravura de um leão. Uma mulher que,
enquanto viva, não lhe damos o devido valor. Quando
morta, daríamos tudo o que somos e tudo o que temos
para vê-la de novo ao menos por um só momento,
receber dela um só abraço e ouvir de seus
lábios uma só palavra”.
Não há no mundo amor com a dimensão
do coração de uma mãe. E todo o amor
é pouco para lhe prestar a justa homenagem. Todos
os dias deviam ser o “Dia da Mãe”.
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