Para quem esperava
apenas mais um dia normal de comemorações,
a data que assinala os 19 anos de Universidade, na Covilhã,
foi bastante diferente. Um dia em cheio para a UBI, onde
marcou presença Filipe Baptista, secretário
de Estado adjunto do Primeiro-Ministro.
Logo após o tradicional cortejo dos docentes, o
Reitor da instituição apresentou o seu discurso.
Manuel Santos Silva foi, este ano, bastante reivindicativo.
Ainda que o carácter da missiva não fizesse
transparecer esta característica. Num tom algo
histórico, onde começou por catalogar a
UBI como “o principal motor de progresso desta zona
interior do País”, Santos Silva não
deixou de lembrar ao representante do Governo que “é
necessário fazer um enquadramento do Ensino Superior
numa estratégia global de formação
e educação integral dos cidadãos”,
uma rede que, segundo o Reitor da UBI vai “desde
o Pré-escolar até ao Superior”. Desta
forma, e para que as Universidades possam dar uma resposta
à altura, Santos Silva sublinhou ainda a importância
da autonomia das instituições ser aprofundada,
“de forma serem desenvolvidos mecanismos de regulação
e responsabilização, com as definições
dos objectivos a atingir”.
O mais elevado patamar na escala do ensino “está
na região há 30 anos”. Desde então,
“muitas têm sido as mudanças operadas
nesta zona, como neste mesmo sistema de ensino”,
disse Santos Silva, lembrando neste discurso de aniversário
que está prestes a ser dado um dos mais importantes
passos no Ensino Superior europeu. O Processo de Bolonha
“vai ser uma das reformas mais marcantes das Universidades
e de tudo o que gira em torno destas”. Daí
que “a atribuição e distribuição
do financiamento tenha de ser repensada”, avisa.
O reitor da UBI lembrou ainda o secretário de Estado
que “nos últimos anos, a UBI tem sido penalizada,
em relação a outras instituições,
na distribuição do bolo financeiro”.
Santos Silva chegou mesmo a pedir a Filipe Baptista para
alertar o Governo no sentido da UBI ser mais beneficiada.
Um alerta que não se ficou pelas palavras. Santos
Silva apresentou as contas que fazem o balanço
da instituição. No orçamento de Estado
que está previsto transferir para a UBI em 2005,
(20.070.270 euros) a verba é inferior à
de 2003 (20.240.270 euros). Perante este facto, o reitor
da UBI refere que “é necessário retomar
o cálculo do financiamento das instituições
através de uma forma clara e simples, onde se possam
discriminar instituições pela positiva e
perante objectivos bem definidos”.
O Centro de Interpretação dos Laníficios
abriu oficialmente as suas portas
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Um futuro marcado pelo crescimento
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“Iremos prosseguir com a nossa estratégia
de desenvolvimento de novas metodologias pedagógicas,
com a aprendizagem centrada no aluno, com o acompanhamento
tutorial e com iniciativas de pesquisa e de experimentação
que permitam aos estudantes adquirir conhecimentos, competências,
atitudes, e despertá-los para a inovação,
investigação e empreendedorismo, de modo
a responsabilizá-los cada vez mais e a prepará-los
para uma aprendizagem ao longo da vida”, foi com
esta palavras que Santos Silva desenhou os passos futuros
da UBI. A ajuda dos docentes e funcionários, tal
como “a da Associação Académica
e dos Núcleos das diferentes licenciaturas”,
a quem o Reitor da UBI dirigiu uma referência especial,
“têm ajudado a dinamizar e prestigiar a Universidade”,
reiterou. Este crescimento centrado no aluno “requer
investimentos no equipamento de Unidades, na construção
de novas infra-estruturas, como é o caso da ampliação
do pólo do Ernesto Cruz, e na acção
social».
Neste último ponto, o do apoio financeiro ao aluno,
Santos Silva recordou uma proposta avançada há
algum tempo junto do Conselho de Reitores. Segundo o reitor
da UBI “deveria ser estabelecido um subsídio
de instalação, para os alunos mais carenciados
do primeiro ano, que permitisse a sua sobrevivência
até receberem a prestação da bolsa”.
Desta forma, e olhando a todas as metas traçadas,
“a uma afirmação pela qualidade e
pela diferença, a UBI vai construir um futuro melhor”,
adianta Santos Silva.
Quem também parece ir ao encontro das palavras
do reitor da UBI é Nuno Costa, presidente da Associação
Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI).
Para o dirigente estudantil, o Ensino Superior na Covilhã
e na região Centro “tem sido o motor da economia
e do crescimento populacional desta área”.
Daí que “faça todo o sentido um investimento
discriminadamente positivo para a UBI”. Um dos pontos
em que Nuno Costa foi mais apelativo é o da acção
social. Para o presidente da associação
académica, “o apoio financeiro aos alunos
tem de ser maior”, até porque “o estudante
não pode ser o responsável financeiro pela
sua educação universitária”.Costa
lembrou ainda o representante do Governo “das más
políticas educativas que têm pautado todos
os executivos, de há uns anos para cá”.
Uma característica “que tem forçosamente
de mudar, se quisermos um Portugal competitivo”,
acrescentou o líder estudantil.
Foi já depois da inauguração do novo
pólo do Museu dos Lanifícios e do Centro
de Interpretação dos Lanifícios que
Filipe Baptista, secretário de Estado adjunto,
falou. Este representante do Governo referiu que no dia
de aniversário da UBI, não era intenção
do Executivo “em funções há
pouco mais de um mês”, trazer um grande presente
à UBI. O secretário de Estado gostou do
que viu, fez suas as palavras do Reitor da instituição
e deixou a promessa de ir rever as políticas de
apoios à instituição e ao Superior
em geral. Este representante do Estado lembrou ainda que
“o Processo de Bolonha é grande desafio,
que comporta investimento na mesma proporção,
mas que o País está em contenção”.
Contudo, Filipe Batista adiantou ainda que “no espaço
de um mês já desbloqueamos diversas situações
e começamos a dar os primeiros passos” do
tão apregoado «choque tecnológico».
Museu com peças e objectivos singulares |
A caldeira e geradora de electricidade "De
Nayer" é uma peça única |
A Real Fábrica Veiga encostada à ribeira
da DaGoldra está, de novo, a funcionar. Agora as
grandes salas já não ecoam o barulho dos
teares, das caldeiras e dos operários que davam
forma aos panos, produto que rotulou a cidade neve de
“Manchester portuguesa”. Antes pelo contrário,
agora os enormes pavilhões, recuperados pelo arquitecto
Bartolomeu da Costa Cabral albergam um museu “único
na Europa”, adianta a responsável pela estrutura,
Elisa Calado Pinheiro.
Com as principais valências em funcionamento, este
museu “apenas está a funcionar aos dias de
semana, entre as 9 e as 17 horas”. Depois da fase
de montagem e recuperação de máquinas,
documentos e outras peças estar terminada, “talvez
daqui a um ano” este novo pólo do Museu dos
Lanifícios passa a funcionar com os horários
vinculativos a todas as estruturas do género. Este
museu, para além de albergar peças únicas,
como uma caldeira geradora de electricidade, da marca
“De Nayer”, é também a casa
do Centro de Interpretação dos Lanifícios,
uma estrutura que junta o núcleo museológico
da industrialização e o centro de documentação
e arquivo histórico. Este novo museu, com cerca
de 7 mil e 300 metros quadrados ficou orçado em
4 milhões de euros.
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