Interpretações e emoções próprias estiveram no âmago desta exposição
Exposição de artes plásticas
A arte do inconsciente

A arte contemporânea esteve em destaque na Covilhã até ao passado dia 30 de Abril. José Santos presenteou a cidade com uma exposição, onde os visitantes puderam encontrar interpretações e emoções próprias, em obras marcadas por uma grande abstracção da realidade.


Por Filipa Minhós


Traços do inconsciente é uma exposição de arte contemporânea que reflecte o interior psíquico do artista plástico José Santos. Quando se coloca em frente à tela, José Santos nunca sabe o que vai criar. Tem um espaço em branco que se limita a preencher, contribuindo a pintura para cultivar o seu espírito artístico. Actualmente desempregado, José Santos, natural da freguesia de Alcaria, encara a pintura também como um refúgio, um espaço afastado da realidade, que lhe permite fugir de todos os problemas que enfrenta no seu quotidiano. “Como estou desempregado, a arte acaba por ser um hobbie que me ocupa durante bastante tempo. Ainda bem que assim é, pois não penso tanto nos problemas que me afligem” – garante o pintor plástico.
O artista pretende fazer um apelo à reflexão humana, na medida em que considera que “nesta época, tudo nos é facilitado, pelo que se torna complicado ver as pessoas pensarem por si mesmas”. As suas obras são dotadas da característica particular de não terem nome. Desta forma, os visitantes da exposição possuem total liberdade de interpretação, procurando em si mesmos, no seu inconsciente, os sentimentos e as emoções que os quadros despertam em si. “Quero que cada pessoa, à saída, faça um exercício mental, atribuindo nomes aos meus quadros, segundo as suas próprias experiências de vida” – explica José Santos.
Todos os materiais são passíveis de serem utilizados pelo artista. Embora a maior parte dos seus trabalhos seja constituída por quadros a óleo, da sua extensa colecção fazem parte obras invulgares e para todos os gostos: algumas pintadas com uma pasta de cinza de tabaco, outras em que o material principal é a serradura, ou ainda outra, a única peça que não está para venda, um quadro em madeira esculpida a partir de um desenho de esferográfica.
Realizar uma exposição nunca tinha feito parte dos seus objectivos, mas a opinião unânime de várias pessoas sobre o valor da sua obra, aliciaram-no a levar em frente esta iniciativa. Sem qualquer tipo de apoios ou patrocínios, José Santos pôde apenas contar com o espaço do Edifício Arte e Cultura, cedido pela Câmara da Covilhã, por intermédio de Maria Rosário Brito, vereadora da Cultura.
Fazer da arte plástica a sua profissão é um sonho de José Santos, que o considera, no entanto, muito complicado de concretizar. “Cada vez se trabalha com mais qualidade, mas seguir a carreira de artista plástico é muito difícil. Muitas vezes não há o reconhecimento devido da obra e ainda existe uma fraca aposta na divulgação e na criação de museus e exposições na Beira Interior” – salienta ainda.
A exposição esteve patente no Edifício Arte e Cultura até 30 de Abril e, para os interessados, o preço dos quadros situa-se entre os 500 e os 1500 euros.