Com o intuito de diminuir
as distâncias geográficas das diferentes
instituições académicas espalhadas
pelo País e fomentar os interesses na área
da Comunicação foi criado, em 2002, o Encontro
Nacional de Estudantes de Jornalismo e Comunicação
(ENEJC). Este ano, e pela primeira vez fora de Coimbra
, coube à cidade da Covilhã acolher o IV
ENEJC. Ao longo de quatro dias, a UBI recebeu cerca de
70 estudantes de comunicação que vieram
dos vários cantos do País para conhecer
as potencialidades desta instituição.
Workshops, conferências sobre os mais variados temas,
protocolos na área de Relações Públicas,
convívio e animação preencheram este
evento nacional que pretende divulgar conhecimentos e
experiências ligadas às Ciências da
Comunicação.
Luis Franco, coordenador do ENEJC na cidade neve, realça
a importância de, através destes encontros
estudantis, se potenciar a aquisição de
futuros contactos profissionais. "A grande riqueza
de um jornalista ou de um relações públicas
está na sua agenda e este encontro permite ganhar
uma boa bagagem", defende o organizador.
A ser preparado desde o início do ano, o IV ENEJC
estava avaliado em 50 mil euros de custos que, no entanto,
foram parcialmente reduzidos "pois a maioria dos
oradores convidados vieram por sua própria conta".
Com uma importante colaboração da Universidade,
a organização deste evento na UBI, conseguiu
reduzir de uma forma considerável as despesas de
alojamento e alimentação dos vários
participantes. Comparativamente ao encontro anterior realizado
em Coimbra, Luis Franco salienta o facto de a UBI ter
conseguido em quatro dias "o mesmo custo do ano passado
de dois dias".
A escolha de um fim-de-semana alargado foi uma estratégia
por parte da organização, a qual pretendia
que "os estudantes não faltassem às
aulas". Contudo, a fraca divulgação
e diminuta publicidade nas várias academias poderá
estar na origem dos poucos visitantes à UBI. As
150 pessoas esperadas para participar no evento acabaram
por não comparecer, o que, na opinião de
César Ferreira, membro da organização,
revela que "o objectivo não foi cumprido e
acabámos por pagar por isso". Apesar do reduzido
número de inscritos, a organização
mostrou-se satisfeita. "Acabou por ser uma vantagem
porque permitiu um maior convívio e intercâmbio
entre as pessoas. Além disso, todos puderam participar
nos workshops".
Um dos principais problemas deste evento prendeu-se com
a alteração da programação
feita à última da hora. Esta situação
deve-se, segundo Luis Franco, "a uma dependência
dos oradores. À medida que estes confirmavam ou
não a sua presença, íamos modificando
o programa".
Algumas das mesas falaram sobre várias
áreas do jornalismo
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Palestras e Workshops para os mais variados gostos
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De 22 a 25 de Abril, o IV ENEJC contou com o mais variado
leque de actividades relacionadas com o Jornalismo e a
Comunicação. Mais do que promover a UBI,
este encontro demonstrou que "a ideia de que o Interior
está atrasado" ao nível das tecnologias
"não é a verdade", como defende
César Ferreira.
Temas alusivos às novas tecnologias da comunicação,
à relação dos jornalistas com a Justiça
e as diferenças entre os diversos meios de comunicação
não foram descurados deste encontro. Mas os principais
atractivos foram os workshops de Vídeo, Imprensa
Escrita, Rádio e Protocolo de Relações
Públicas, que permitiram um melhor conhecimento
e formação em cada área específica.
O primeiro dia esteve reservado para a recepção
e acolhimento dos participantes. Neste dia foi possível
a realização da Formação de
Vídeo, com Paulo Gabriel e Carlos Micaelo. Este
workshop esteve focado na aprendizagem da pós-produção
de notícias em televisão, quer no sistema
analógico, quer no digital. Ainda no dia 22 de
Abril, vários alunos puderam assistir ao workshop
de Imprensa Escrita, no qual se falou, entre outros assuntos,
do Critério da Imprevisibilidade, para o qual um
jornalista deve estar sempre preparado. No final, Luciana
Maruta, estudante na Faculdade de Ciências Sociais
e Humanas da Universidade Nova, salientava que "as
formações primaram pela sua acessibilidade
e dinamismo."
No segundo dia, Anselmo Crespo e Patrícia Figueiredo
deram o seu testemunho sobre o mundo da Televisão
e da Rádio. Nesta conferência foi abordado
o tema Jornalismo Directo e Diferido, destacando-se as
suas principais diferenças. Para o jornalista da
SIC, e ex-aluno da UBI, "o jornalismo não
é ser pivot, é dar informação
às pessoas. Tudo o resto são complementos".
Para Anselmo Crespo, a principal diferença entre
um directo e uma peça em diferido está no
facto de "a peça dar azo à criatividade,
ao passo que no directo apenas se podem dar factos, pois
o tempo de satélite é dispendioso".
Patrícia Figueiredo partilhou com os presentes
na Cinubiteca o seu primeiro directo em Rádio.
"Nunca se deve pedir desculpa ao ouvinte quando nos
enganamos. Mas o que é certo é que eu o
fiz imensas vezes!" Nesta mesma tarde, discutiu-se
o tema Jornalismo Cultural e Blogosfera, com a presença
de João Bonifácio, do jornal Público,
do escritor Vítor Junqueira e do docente da UBI,
João Canavilhas. Por vezes, os blogues são
confundidos com Jornalismo, pelo que Vítor Junqueira
esclarece que os primeiros "são opinativos
e pouco informativos. Apenas vivem da agenda dos meios
de comunicação, para comentar a realidade".
Pelas 17 horas, Madalena Ferreira e Mário Monte
falaram sobre Jornalismo e Justiça. O professor
da Universidade do Minho considera que " a ignorância
da Justiça no Jornalismo é enorme, porque
os jornalistas não têm formação
na área de Direito". Mário Monte alertou
ainda que "um jornalista deve informar e, em caso
de difamação de uma pessoa, apenas o pode
fazer com um interesse legítimo. Claro está,
sem colocar em causa a intimidade da vida privada ".
O terceiro dia começou com o workshop de rádio,
que apesar de ter sido o mais requisitado, quase não
se efectuou. O atraso de duas horas dos participantes
obrigou Vítor Nobre, formador no CENJOR, a modificar
os seus planos. No entanto, a sua boa disposição,
levou a que todos pudessem sentir a adrenalina de uma
redacção de rádio, com a emissão
de notícias na Rádio da Universidade da
Beira Interior (RUBI).
No final do encontro as opiniões relativas à
organização do evento dividiram-se. Anabela
Oliveira, aluna da UBI, afirma que "os workshops
foram mal organizados, pois no programa constava que seriam
sobrepostos, o que, na realidade, não aconteceu.
Assim, não pude participar nos dois previstos para
o primeiro dia". Por sua vez, Luciana Maruta, estudante
da Universidade Nova, refere que os membros da organização
foram "muito acolhedores e simpáticos, permitindo
que nos sentíssemos em grupo".
No último dia foi criada uma Associação
Instaladora, que irá, ao longo do ano, informar
as cerca de 52 licenciaturas de Jornalismo e Comunicação
sobre a possibilidade de formação de uma
Associação Nacional de Estudantes de Comunicação
(ANEC). A Escola Superior de Educação do
Instituto Politécnico de Leiria será a próxima
instituição a garantir o V ENEJC. Joaquim
Martins, estudante daquela escola e um dos responsáveis
na criação do próximo encontro, afirmou
estar “contente” com a nomeação,
apesar de já sentir “o peso da responsabilidade,
de não só organizar o encontro, como formar
a ANEC”.
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