O Governo não está a pensar em investir no Superior no Fundão
Escola de Hotelaria
Projecto deve mesmo ficar sem efeito

Na última sexta-feira, o deputado do PSD pelo distrito, Morais Sarmento, interpelou o Governo sobre a criação da escola. E este respondeu que o seu programa não inclui nenhum processo de criação no Ensino Superior. No Fundão, a contestação é grande.


NC / Urbi et Orbi


O processo de criação da Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT) do Fundão pode mesmo ficar sem efeito e nunca vir a ser retomado pelo actual Governo. Foi esta a ideia deixada na última sexta-feira, pelo executivo liderado por José Sócrates, que foi interpelado pelo deputado do PSD pelo distrito, Morais Sarmento, sobre o processo que, recorde-se, foi vetado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio. Para Lisboa também seguiu uma comitiva do Fundão afim de conseguir alguns esclarecimentos.
A verdade, porém, é que a resposta do secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, não foi muito animadora. Segundo este, a prioridade deste Governo “é a consolidação do sistema de Ensino Superior”. Ou seja, “como está escrito no programa de Governo, nenhum processo de criação de estabelecimentos de Ensino Superior, universidades ou politécnicos, será considerado. Ressalvam-se eventuais transformações excepcionais na natureza ou dimensão das instituições já existentes”, refere o governante. “Escuso-me de fazer juízos de valor sobre as propostas já referidas [novas escolas superiores do Fundão e de Óbidos]”, acrescenta.
Já Morais Sarmento disse que não vinha para “questionar quais as prioridades do seu Governo, mas questionar se sabe que estes são assuntos já decididos por outro governo no pleno exercício de funções”, realça Morais Sarmento, acrescentando: “Culminam o caminhar de anos”.
Porém, da bancada do PS a resposta foi logo pronta e segundo o deputado do Luís Fagundes Duarte, eleito pelos Açores, o PSD teve "intuitos eleitoralistas" na criação destas escolas. "Houve uma tentativa do PSD aproveitar politicamente para as próximas autárquicas a criação de escolas de ensino superior", sublinhou. E criticou Morais Sarmento pelo facto do “governo de que fez parte encerrou e diminuiu diversos serviços no distrito de Castelo Branco”, citando como exemplos, a RTP e o Centro de Área Educativa (CAE).

Por cá, muita gente contra

Já depois de Manuel Frexes ter catalogado a decisão de “inadmissível”, na passada semana, outras forças vivas do concelho não vêm com bons olhos a decisão tomada. É o caso da distrital da JSD que, que acusa Sampaio de querer dar protagonismo ao Governo com “projectos de outros”, lembrando que a tão “badalada presença socialista” do distrito, em Lisboa, “é impotente e mesmo conivente”.
A concelhia “laranja” fundanense diz que se trata de um “rude golpe” para o Fundão, e que a discriminação positiva do Governo é “penalizar o Interior de forma irreparável”. O próprio Politécnico de Castelo Branco lamenta a situação e diz que irá tomar as medidas necessárias para que “a Escola seja uma realidade”.
Também a direcção da Associação Industrial fundanense diz que se trata de um “rude golpe para o tecido empresarial” e que o turismo é uma aposta de futuro que precisa de valorização.