O edifício da câmara municipal foi um dos que serviu de inspiração ao artista
Um artista diferente
Duas décadas a trabalhar os fósforos

Um covilhanense tem-se dedicado à arte de transformar fósforos em objectos. Já tem nove réplicas de edifícios feitas, para as quais já utilizou cerca de 120 mil fósforos.


Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi


“Sempre gostei de trabalhos manuais e de artesanato”, assegura José Manuel Fernandes, secretário da Junta de Freguesia de São Martinho, mas construtor de réplicas de edifícios em fósforos, nos tempos livres. Foi este amor e a minuciosidade do trabalho que levam este funcionário público a construir as obras há mais de 20 anos consecutivos, com “alguns intervalos”.
José Manuel Fernandes tem 48 anos e conta no seu currículo nove réplicas de edifícios construídas, sendo três delas propriedade da autarquia covilhanense. Mas outras instituições estatais também se mostraram interessadas no seu trabalho, acabando por adquirir algumas peças, como são exemplo as juntas de Freguesia de São Martinho, Santa Maria e São Pedro. Funcionário público de dia e construtor de réplicas de edifícios à noite, Fernandes adianta que já muitas directas, pois “não dou pelas horas passarem”. Com o apoio de toda a família, mulher e filhas, que por vezes também ajudam, tenciona continuar com este passatempo “enquanto puder”.
Para além do gosto por este tipo de trabalho, Fernandes assume que também necessita de “muita paciência”, devido à minuciosidade requerida. “ Um teste à capacidade humana” é como encara o passatempo, pois é “necessária muita atenção e concentração”. Apesar de não serem feitas á escala, as suas peças são uma réplica perfeita dos originais, uma vez que o número de janelas, portas e até mesmo de candeeiros é idêntico. Todas as obras são electrificadas, alimentadas por uma bateria de baixa voltagem, e com uma estrutura feita de tábuapan, para lhe dar consistência.
José Manuel Fernandes já utilizou, na totalidade, cerca de 120 mil fósforos, que passam por uma selecção, “pois nem todos estão em boas condições”. No início ainda aceitava fósforos dos vizinhos, mas “demorava muito tempo a escolhê-los, por isso agora compro-os todos e queimo-os como quero”, acrescenta.
A primeira peça que fez foi há 20 anos atrás e foi então que percebeu que “podia fazer muito melhor” e decidiu continuar apenas “por prazer”. Actualmente a sua “arte” é reconhecida por instituições estatais e por privados que lhe encomendam réplicas. A construção que fez do Governo Civil de Castelo Branco foi um destes casos. A maioria das peças que já construiu são exemplos arquitectónicos da Covilhã, pois adora a cidade. As capelas do Calvário e de São João de Malta, as igrejas de Nossa Senhora de Fátima, da Misericórdia e de São Francisco são os exemplos das réplicas de edifícios religiosos que já fez. As restantes peças retratadas também são de infra-estruturas covilhanenses, como a Central de Camionagem ou ainda a Câmara e o Mercado Municipal. A única réplica que construiu, e que não representa um caso da Cidade Neve, é o Governo Civil de Castelo Branco.