Por Nuno Fernandes


A feira de artesanato é uma das mais visitadas na Covilhã

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Com 82 anos de vida, José Martins da Encarnação, volta à cidade da Covilhã para mostrar a sua arte e o seu saber no trabalho do esparto. Ao lembrar o passado, e o momento em que aprendeu o manejar o esparto, José Martins da Encarnação recorda que é uma tradição familiar “aprendi esta arte com o meu pai, o meu pai aprendeu com o pai dele” mas lembra também, com uma tristeza no seu forte olhar que a tradição familiar “já não passa” para os seus filhos, que seguiram outras profissões, por isso “os meus filhos não são herdeiros da minha arte”.
Apesar da tradição e a arte morrer dentro da família, o curso que deu no manejo do esparto, permite que esta arte não morra tão cedo, já que há “pessoas que aprenderam alguma coisa, já sabem começar e acabar alguma coisa” só lhes falta a prática.
O esparto, que é entrelaçado rapidamente para dar forma a um cesto, com as mãos ágeis, deste homem, que parecem não ter 82 anos, nasce na Serra da Gardunha que “deve ser a serra” que este artesão conhece que “deve ter mais esparto”.
Com 12 anos de participações em certames do género, Maria da Purificação, da cidade da Covilhã, nota uma “evolução” na feira que decorre na cidade beirã, “hoje há uma maior adesão, do público, das pessoas que se candidatam para fazer a feira” e também um maior número de “pessoas que se interessam pelo artesanato”.
Também a tradição familiar, de Maria da Purificação, é um motivo para a dedicação ao artesanato “tentei recuperar a tradição” que existia na família. Nas suas obras a criação é totalmente livre mas sempre “segundo o meu gosto, tento inovar, tento usar sempre coisas antigas” quer nos “materiais, quer nas imagens”, que encontra sempre em feiras de antiguidades, ou em antiquários.
A parte mais difícil, para esta artesã, é conciliar o seu emprego, e as datas das feiras de artesanato que ocorrem um pouco por todo o país devido à impossibilidade de se ausentar muito do seu local de trabalho.