O Salão Nobre da câmara foi o palco escolhido para as comemorações oficiais
Comemorações do 25 de Abril
Liberdade cívica e política acima de tudo

Passados 31 anos sob a Revolução dos Cravos, a cidade da Covilhã apresentou um vasto programa de eventos para assinalar o 25 de Abril. Desde a inauguração de estruturas de apoio às colectividades, passando pelo “baptismo” de uma rua da cidade, ocorreu de tudo um pouco no feriado.


Por Eduardo Alves


Foi ao som de foguetes que acordou o dia. Passam 31 anos sob a revolução popular e militar que derrubou o regime salazarista. Com o País desperto da grande noite fascista, o dia desta viragem é sempre comemorado com pompa e circunstância.
Este ano, a Covilhã não quis deixar de dar cartas nestas iniciativas e mostrou que “o 25 de Abril é uma das datas mais importantes na vida desta cidade”. A alusão foi feita por Alberto Alçada Rosa, agora presidente da Câmara Municipal da Covilhã. Carlos Pinto deixa assim, por algum tempo, a autarquia e passa a fazer parte da Assembleia da República como deputado pelo círculo de Castelo Branco.
A manhã começou com a inauguração de uns balneários junto ao pavilhão do Clube Desportivo da Covilhã (CDC). Esta estrutura de apoio às práticas desportivas que se realizam naquele local há muito que vinha sendo pedida pelos responsáveis associativos. Com a ajuda do clube, da câmara e da junta de freguesia local, os balneários foram agora construídos.
O ponto alto das comemorações foi, ainda assim, no Salão Nobre do edifício dos Passos do Concelho. A bandeira subiu ao ritmo do hino nacional que era entoado por uma orquestra filarmónica e deu-se início à sessão solene. Uma acção onde todos os partidos falaram abertamente sobre o 25 de Abril, e sobre o estado actual da democracia.
Intervenções que foram desde o referendo ao aborto até à retirada de cartazes por parte da câmara municipal. Este último aspecto foi abordado pelo representante do Partido Comunista, o qual referiu “que para algumas pessoas, parece que o 25 de Abril não existiu”.
Passadas as formalidades e contingências da sessão, deputados, e demais representantes autárquicos e associativos dirigiram-se ao Jardim do Lago. Um gesto que teve como objectivo inaugurar uma das ruas que ladeia a infra-estrutura. A via aberta há pouco tempo passa agora a chamar-se de “Rua Irmãos Bonina”. Esta escolha recaiu em tudo o que estes dois covilhanenses fizeram pela cidade neve.

Assinada a passagem do saneamento para privados

Durante as comemorações oficiais do 25 de Abril, os responsáveis camarários assinaram também o acordo que prevê a passagem do saneamento e tratamento de águas residuais para uma entidade privada.
A partir desta data será a Águas da Serra (AGS), do grupo Somague, a tratar de todos os efluentes do concelho da Covilhã. Durante os próximos dois anos serão construídas duas grandes estações de tratamento de águas residuais na Covilhã e em Unhais-da-Serra. Outras 14 estruturas, de dimensões mais reduzidas serão também edificadas nas restantes freguesias do concelho.
Todo o investimento inicial será feito pela empresa agora criada pela Somague e que vai explorar, durante um período de 30 anos, estes serviços. Findo este prazo, as estruturas revertem para a câmara municipal.
Alçada Rosa refere que este “foi um dos mais fortes sinais do desenvolvimento da Covilhã”. Isto porque, segundo o agora presidente de câmara, “o Zêzere deixa de ser poluído pelos esgotos do concelho”. Já para os representantes da oposição, a história não é tão certa assim. Em comunicado enviado à imprensa, o único vereador socialista na Câmara da Covilhã apresenta as contas da autarquia e o forte endividamento a que está sujeita. O acordo agora realizado “vem obrigar a um ainda maior esforço financeiro”, refere.