Para
quem tem acompanhado a carreira dos Queens of
the Stone Age (QOTSA) desde que, em 2000, lançaram
o seu álbum de estreia homónimo,
a saída de Nick Oliveri surgiu como um
mau prenúncio do que aí viria. Josh
Homme e o seu baixista de sempre separam-se, envolveram-se
em projectos paralelos com trabalhos talentosos,
já alvos de crónica nesta página,
– Homme formou os Eagles of Death Metal,
enquanto Oliveri se dedicou aos seus Mondo Generator
– e os QOTSA ficaram em banho maria. E embora
os alinhamentos das bandas Stoner Rock sempre
tenham sido tão estáveis como areias
movediças, esta separação
dos dois mais criativos músicos da cena
do Midwest soou como a um final antecipado do
próprio movimento.
Foi, por isso, natural a apreensão dos
fãs aquando do anúncio de que a
banda se preparava para lançar o quarto
disco sem a contribuição de Oliveri.
Principalmente porque “Songs for the deaf”
(2002) tinha elevado em demasia a fasquia.
A preocupação, felizmente, foi em
vão. Porque “Lullabies to Paralyze”
mantém intacta a reputação
dos QOTSA. Porque “Lullabies to Paralyze”
revela Josh Homme como o génio solitário
por detrás do sucesso do colectivo. Porque
“Lullabies to Paralyze” é mesmo
um grande, grande disco. Não se trata de
uma obra conceptual… mas anda lá
perto.
O registo abre com uma curta balada – “Lullaby”
– cantada por Mark Lanegan e depois conduz-nos
por um trilho abandonado, pelo meio de uma floresta
amaldiçoada que entoa canções
de embalar, a cada faixa, mais sombrias, mais
tenebrosas, que desembocam numa sinistramente
épica “Someone’s in the wolf”
para depois prosseguir a viagem rumo à
saída, na direcção oposta,
com o “coração nas mãos”.
E se não podemos deixar de suspirar de
alívio aos últimos acordes de “Long
slow goodbye”, por uma travessia bem sucedida,
quando paramos e olhamos por cima do ombro, assoma-nos
a vontade irresistível de repetir o percurso.