A Câmara da Covilhã
está, de novo, envolta em polémica
|
Novo processo
judicial
“Casais”
contesta adjudicação
do Centro de Artes
A obra foi entregue
ao consórcio liderado pela OPCA por dez milhões
de euros, mas a Casais/Somague diz que o seu projecto
é melhor, não entende esta decisão
e vai interpor uma providência cautelar para a impugnar.
|
Ana R. Rodrigues
NC / Urbi et Orbi
|
|
|
O Centro de Artes da Covilhã
foi adjudicado na passada quinta-feira, 31, em Sessão
de Câmara extraordinária, no último
dia para a apresentação de candidaturas ao
Plano Operacional da Cultura, onde a autarquia espera conseguir
uma comparticipação de 50 por cento. A empreitada
foi entregue ao consórcio composto pela OPCA, Construtora
do Lena, HLC e Lambelho e Ramos, mas a construtora Casais,
em parceria com a Somague, autores do projecto preterido,
vai accionar uma providência cautelar para impedir
esta decisão.
O projecto, da autoria do arquitecto Tomás Taveira,
está orçado em dez milhões de euros
e contempla uma sala com 600 lugares e duas de 150. Segundo
o presidente da autarquia, Carlos Pinto, a obra vai dar
resposta “às necessidades da Covilhã
em termos de espaços e valências culturais”
e será um espaço apto a receber congressos
e outros eventos. O único vereador da oposição,
o socialista Miguel Nascimento, absteve-se “cautelosamente”,
por não se sentir em “condições
objectivas de avaliar a proposta”. Sem especificar
adiantou que o seu voto se deveu “fundamentalmente
a uma questão estética”.
Através da candidatura já apresentada, a edilidade
espera conseguir metade da verba necessária à
construção do Centro de Artes com fundos comunitários,
com o Plano Operacional da Cultura. O resto é da
responsabilidade da autarquia, que vai procurar accionar
o contrato-programa assinado com o Ministério da
Cultura há três anos, no valor de 750 mil euros.
Segundo Carlos Pinto falta agora a aprovação
dos fundos comunitários e a obtenção
do visto prévio do Tribunal de Contas, para dar início
às obras “até final do ano”. O
prazo de execução é de 400 dias.
“Critérios de especialidade foram alterados”
Mas o agrupamento de empresas liderado pela Casais envolvido
no processo de negociação directa vai tentar
impugnar a decisão. António Fernandes, administrador
da empresa, diz que o projecto apresentado pela Casais e
Somague, que venceu o concurso público, é
o melhor projecto, que estão ali três anos
de trabalho intenso com os ajustes que foram sendo pedidos
e que se sentem injustiçados por terem sido preteridos,
uma decisão para a qual não encontram justificação.
O engenheiro responsável pelo projecto da Casais,
Filipe Dias, acentuou, em declarações à
comunicação social, que como foi a empresa
que representa a ganhar o concurso público, à
partida a OPCA nem devia ter entrado no processo de negociação
que se seguiu à anulação do concurso
público em Novembro último, pelos custos demasiado
elevados.
O administrador da Casais diz que fizeram o trabalho de
casa e que a 6 de Dezembro apresentaram um projecto com
as alterações pedidas pela Câmara. Já
em relação à OPCA, desconhecem se existe
outro projecto diferente do inicial. Entretanto pediu à
autarquia a cópia do projecto concorrente, mas ainda
não lhe foi facultada.
Filipe Dias lembra que o seu projecto foi claramente o melhor
classificado na análise da Comissão Técnica
Especializada que acompanhou o processo do concurso público.
Um grupo que incluía especialistas do Ministério
da Cultura e das ordens dos Arquitectos e dos Engenheiros,
que Filipe Dias diz que rejeitou o projecto de Tomás
Taveira por não cumprir as condições
exigidas no caderno de encargos. Entretanto a comissão
foi substituída por uma outra constituída
por técnicos da autarquia, que optou pela OPCA.
Filipe Dias critica e lamenta que os técnicos camarários
tenham alterado os critérios de especialidade, contra
as regras, em vez de se limitarem a analisar os preços
e os prazos de entrega, uma vez que não lhes reconhece
habilitações para isso, por não terem
especialistas em áreas como a acústica. Na
negociação directa o consórcio da Casais
e Somague apresentou uma proposta de 11 milhões e
750 mil euros. Quanto à adjudicação,
o administrador, António Fernandes, questiona como
é que a OPCA em 2002 fazia a obra por 11 milhões
de euros sem as condições exigidas no caderno
de encargos e agora a faz por nove milhões e 900. |
|
|