Vários organismos decretaram
o ano de 2005 como o Ano Internacional da Física
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Incrementar
o gosto pela Física
100 anos de Relatividade
O crescente desinteresse
dos jovens pela Física, que se acentuou durante
a década de 90 do passado século, motivou
a ONU, a UNESCO e as Associações de Física
a designar 2005 como o Ano Internacional da Física.
2005 é, ainda, o ano em que se comemoram os 100
anos das publicações de Einstein, data em
que estão programadas várias palestras e
conferências sobre os estudos deste cientista para
sempre ligado à Física.
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Por Rosa Ramos
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A decisão de tornar
2005 o Ano Internacional da Física foi tomada em
2000, no âmbito do 3º Congresso Mundial das Sociedades
de Física, realizado em Berlim, em Dezembro desse
ano. Aumentar a compreensão pública da Física,
elevar o seu perfil nas escolas e fortalecer as Sociedades
de Física são os principais objectivos a desenvolver
ao longo deste ano.
2005 é também o ano em que se comemora o centenário
do Annus Mirabilis da produção científica
de Albert Einstein. Deste modo, o Ano Mundial da Física
dará particular atenção aos avanços
científicos na área da Física que o
cientista alemão permitiu.
Em Portugal, e em sintonia com as demais Associações
de Física, a UNESCO, a ONU e a Sociedade Portuguesa
de Física (SPF) pretendem celebrar o Ano Internacional
da Física promovendo a Física a todos os níveis.
Pretende-se, particularmente, aumentar o seu apreço
público, melhorar o ensino nas escolas, reforçar
o seu papel no ensino superior e cativar os jovens para
o estudo da Física.
Espera-se que mais do que um ano de viragem na forma de
encarar a Física, 2005 seja, também, no entender
da SPF, “um ano de viragem na cultura dos portugueses”,
partindo de um maior reconhecimento e sensibilização
gerais no que toca aos desenvolvimentos da Física.
João Providência, presidente do Departamento
de Física da UBI, explicou ao Urbi a importância
deste Ano Internacional da Física. “O desinteresse
dos jovens tem sido uma constante, ao longo dos últimos
anos. Está na hora de tomar algumas medidas no sentido
de cativar, desde cedo, as crianças para a realidade
da Física”. Os motivos deste desinteresse,
que já é aceite como sendo generalizado, prende-se,
segundo João Providência, com “a própria
estrutura do ensino da Física que, desde cedo, desmotiva
os alunos.” No entanto, o docente acredita que este
ramo científico, é bastante atractivo em matéria
de “saídas profissionais”. O presidente
do Departamento de Física entende, por outro lado,
que, cada vez mais, “Portugal se está a afastar
da Europa no que se refere às áreas da Cultura
e da Ciência.”
No âmbito das comemorações do Ano Internacional
da Física, Providência conta que serão
realizadas inúmeras actividades e Ciclos de Conferências
em Universidades de todo o país. Na nossa Universidade
está a ser pensada a criação do “Exploratório
de Ciência da Covilhã”, virado para a
população infantil. “Pretendemos construir
módulos de Ciências que ilustrem leis da Física”,
explica.
Em relação à UBI, João Providência
realça as condições favoráveis
para a prática de estudos na área da Física.
Docentes qualificados e instalações com grande
qualidade são os aspectos que o docente fez questão
de frisar, a par do facto de existirem poucos alunos nas
licenciaturas relacionadas. “O ensino acaba por ser
mais personalizado”, frisa.
A aposta na formação em novos campos da ciência
constitui um vector importante na forma de olhar, também,
a Física. Nesse sentido, João Providência
gostaria de ver, na UBI, uma licenciatura ou um curso de
pós-graduação em Ciências Biomédicas.
Questionado em relação ao pouco sucesso académico
dos alunos na área da Física, Providência
acredita que se criou uma espécie de mito. “No
semestre passado existiam 260 alunos na minha cadeira de
Termodinâmica e mais de metade passou sem grandes
dificuldades. Além do mais, temos tido, aqui na UBI,
alunos verdadeiramente excepcionais”, conta.
Comemoração dos 100 anos das publicações
de Einstein
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Einstein vai ser lembrado em conferências
e outras acções |
Ulm, uma pequena cidade do sul da Alemanha, viu nascer um
dos maiores génios da humanidade. Estávamos
em 1879. A infância de Einstein foi marcada por diversas
peculiaridades, reveladoras de um grande génio, que
ainda hoje são referidas. Entre mudanças sucessivas
de cidade e falências constantes das empresas do pai,
Einstein teve de enfrentar o autoritarismo da escola alemã
e os preconceitos raciais (Albert era judeu), bastante frequentes
na época. Conta-se que aos sete anos demonstrou brilhantemente
o teorema de Pitágoras, para grande surpresa do tio
Jakob, que poucos dias antes lhe ensinara os fundamentos
da geometria.
Porém, apesar dos dotes que Einstein demonstrava
para áreas como a Matemática e as Ciências
Naturais em geral, Einstein tinha grandes dificuldades para
as disciplinas que exigiam capacidade de memória.
O grego, em particular, constituía o ódio
pessoal do génio da Física. A família
chegou a acreditar que Albert poderia possuir alguma espécie
de dislexia.
Outro aspecto curioso é que Einstein sofria de uma
espécie de “esquecimento” no que se refere
à sua infância e adolescência. Apenas
três factos desse período lhe eram relevantes:
as lições de violino que a sua mãe
lhe deu, as “aulas” de geometria do tio Jakob
e a história da bússula. Quando tinha cinco
anos e estava a recuperar de uma qualquer enfermidade, o
pai ofereceu-lhe uma bússula, que causou uma profunda
impressão ao pequeno génio: o ponteiro não
saía do mesmo lugar, independentemente da posição
em que a bússula fosse colocada.
O horror de Einstein pela escola era de tal ordem que mais
tarde, o físico escreveu, nas suas notas autobiográficas,
ideias como: “os professores da escola primária
pareciam sargentes e os do liceu pareciam tenentes.”
Já com quinze anos, Albert foi forçado a encontrar
uma profissão. O pai estava irremediavelmente falido.
Albert optou pela Física. Impedido de prosseguir
estudos na Universidade por lhe faltar o diploma de conclusão
do liceu, Einstein optou pelo melhor instituto técnico
da Europa Central, em Zurique. Nas primeiras tentativas
de ingresso, Einstein chumbou nas provas de Botânica,
Zoologia e Línguas Modernas. No entanto, o execelente
resultado obtido em Física chamou a atenção
do Director da Escola, que lhe recomenda uma escola cantonal
em Aarau, onde Einstein terminaria os seus estudos secundários.
O nome deste cientista vai
ficar ligado, para sempre, à física
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A genial contribuição de Einstein
para a evolução da Física
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Aquilo a que hoje chamamos de “Física Moderna”
surge na sucessão de experiências cujos resultados
não puderam ser explicados pela mecânica newtoniana
e pela teoria electromagnética de Maxwell, os modelos
vulgarmente aceites como universais. Deste modo, ocorre
uma ruptura com a chamada “Física Clássica”.
Estas experiências tiveram origem nos estudos de Faraday
(cerca de 1830). Todavia, os fenómenos estranhos
e, na altura considerados inexplicáveis só
foram observados depois de 1870: O efeito fotoeléctrico
de Hertz (1887), a descoberta dos Raios X por Rontgen (1895),
a radioactividade de Becquerel (1896) e a descoberta do
elemento radioactivo rádio por Pierre e Marie Curie
(1897).
Já por volta de 1900, Max Planck, professor da Universidade
de Berlim, propõe o modelo de absorção
e emissão discreta de radiação universal,
introduzindo uma cosntante universal, que hoje é
denominada de “constante de Planck”. Cinco anos
mais tarde, Einstein utiliza esta teoria e explica o efeito
fotoeléctrico. Nesse mesmo ano de 1905, publica mais
quatro artigos.
Einstein é particularmente conhecido como o pai da
relatividade. Porém, o cientista ganhou o Prémio
Nobel pela descoberta da lei do efeito fotoeléctrico.
No entanto, para além destas duas áreas de
conhecimento, Einstein contribuiu para várias outras
áreas da Física. O seu primeiro artigo, publicado
em 1901, consistia num problema de Termodinâmica,
linha que segue até 1905, ano em que desenvolve trabalhos
extraordinários. É vulgarmente aceite que
este constituiu o “Ano Mirabilis” da sua vida
científica.
1905, o ano das publicações extraordinárias
O primeiro artigo deste “ano miraculoso” tratava
da radiação e das propriedades energéticas
da luz, tendo sido considerado revolucionário pelo
próprio Einstein. O segundo artigo de 1905 foi aceite
como Tese de Doutoramento de Einstein na Universidade de
Zurique e tratava da determinação exacta do
tamanho de átomos, a partir da difusão e viscosidade
em soluções diluídas de substâncias
neutras. Um terceiro artigo publicado nesse mesmo ano referia-se
ao “movimento Browniano”, descrito pela primeira
vez em 1828, pelo botãnico Robert Brown. “Sobre
a Electrodinâmica dos Corpos em Movimento” é
o título do quarto artigo de Einstein, considerado
pelo cientista um mero “esboço grosseiro”.
No entanto, este escrito contém o primeiro trabalho
sobre a Teoria da Relatividade Restrita.
Para além do inegável valor científico
destes trabalhos, reconhecido pelas Comunidades Científicas
dos nossos dias, há, ainda, todo um conceito de natureza
psico-social na elaboração dos mesmo. Trata-se
de uma produção científica autónoma,
proveniente de um simples Técnico de Patentes em
Berna, sem título de Doutor e largamente rejeitado
pela comunidade académica. |
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