Os têxteis portugueses querem a aplicação de claúsulas de salvaguarda que impeçam a "invasão chinesa"
Concorrência “desleal” da China
Têxteis voltam a pedir ajudar

Conquistar mercado ao vender produtos a preços mais baixos do que realmente custam. É esta uma medida adoptada pela China para concorrer com os têxteis europeus. Portugal apela por isso a Durão Barroso para que aplique medidas de protecção.


NC / Urbi et Orbi


Os têxteis portugueses estão contra aquilo a que chamam de “concorrência desleal” por parte da China e já pediram ao Presidente da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, medidas que ponham termos a isso. É que a Federação da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal (FITVP) quer que aquele organismo estenda as medidas anti-dumping a toda a fileira têxtil, depois de em Dezembro de 2004 ter decidido direitos anti-dumping para as fibras sintéticas. No final do ano passado o Comité Anti-dumping estabeleceu limites às exportações de fibras sintéticas descontínuas de poliésteres não cardados, não penteados, nem transformados de outro modo para fiação, quando tenham por origem a China, Coreia do Sul e Arábia Saudita, aguardando-se apenas a publicação de decisão no Jornal Oficial das Comunidades.
“Resulta claro que foi preocupação da Comissão penalizar os que não praticam um comércio leal, atitude que no plano dos princípios é de louvar”, escreve José Robalo, presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL) e líder da FITVP. O dumping é a venda de produtos a preços mais baixos que os custos e tem como objectivo eliminar concorrentes e garantir mercado. Uma situação que preocupa os têxteis portugueses. Para José Robalo, “não se compreende que se proteja isoladamente uma fase inicial da cadeia têxtil”, com direito de 80 por cento, incentivando os países autores do dumping a exportar o artigo acabado “apressando o encerramento de empresas têxteis europeias a jusante”, diz em carta enviada a Durão Barroso.
Segundo o documento “nem sequer serão obtidas vantagens” para as empresas de fibras de poliésteres, “pois brevemente não terão clientes na Europa, como o provam as seis centenas de empresas encerradas e os 40 mil trabalhadores desempregados só em Portugal”, acrescenta.
“A indústria têxtil europeia está impedida de vender. É a catástrofe”, vaticina a FITVP recordando que as licenças para importações têxteis e vestuário da China, emitidas até 14 de Março de 2005, “mostram aumentos em quantidade que atingem os 790 por cento, ao mesmo tempo que os preços por unidade diminuíram até 40 por cento, em relação a 2004”, escreve a associação.
Segundo a FITVP, “o único recurso capaz de travar as enormemente crescentes importações, a cada vez menor preço, é a aplicação das cláusulas de salvaguarda” já solicitadas pela Turquia, Estados Unidos da América, México, Rússia, Argentina e Peru que “já aplicaram ou estão em vias de aplicar as cláusulas de salvaguarda ou o aumento das taxas dos direitos aduaneiros sobre os produtos têxteis e vestuário mais sensíveis”.