Por Eduardo Alves


O flagelo do desemprego continua a subir, na região Centro

Chegam no final de Março os números relativos ao desemprego registado em Dezembro de 2004. O Observatório da UBI (ODES) tornou público um estudo intitulado “Análise do Desemprego em Dezembro de 2004 em 14 municípios da Beira Interior” e o documento confirma os números que haviam sido avançados há cerca de seis meses por este mesmo organismo.
Numa primeira conclusão da leitura dos dados, José Pires Manso e Ana Morão, autores do trabalho, verificam que, “o desemprego registado em Dezembro de 2004, nos 14 municípios que integram a Associação de Municípios da Cova da Beira, atingiu um valor global de 8356 trabalhadores, valor que representa cerca de 13 por cento do desemprego registado na região Centro”. Estes números apontam, segundo Pires Manso, professor catedrático da UBI e responsável pelo Observatório, “para uma situação bastante grave, sobretudo, ao nível das cidades mais importantes”. De facto, é em localidades como a Covilhã e Fundão que o flagelo do desemprego mais se fez sentir. A confiar nos números divulgados por esta análise, “a Covilhã apresenta um total de 43,7 por cento dos desempregados da sub-região onde se insere”. A seguir aparece a Guarda, com 18,5 por cento e em terceiro lugar “o Fundão, com um total de 16,2 por cento do total dos desempregados registados na região Centro”, sublinham os autores do estudo.
Para além destas três cidades, as análises do ODES recaíram também sobre Fornos de Algodres, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Manteigas, Meda, Pinhel, Sabugal, Trancoso, Penamacor e Belmonte.




Novas dinâmicas de luta

Já anteriormente, o ODES tinha avançado com alguns estudos e análises sobre o desemprego na região. Esta estrutura da UBI, para além de mostrar os números e as razões prováveis destes, adianta também algumas vias que podem ser vistas como soluções para a crise.
Também neste trabalho são enumeradas possíveis metodologias de luta contra o desemprego. Para os promotores do estudo, a elaboração deste tipo de documentos deve ser aproveitada por todos quantos estão ligados aos sectores em causa, desde trabalhadores a entidades patronais, passando por políticos e associações. Contabilizar “e dar um rosto ao desemprego” são algumas das possibilidades destes documentos. Nos seus objectivos sublinha-se também a necessidade de “desenvolver metodologias inovadoras de detecção de novas actividades empresariais”. Algo que se alcança através “da realização de estudos que identifiquem áreas geradoras de novas empresas e serviços”.
Dois dos pontos principais de combate a estes números baseiam-se na “criação de novas empresas com o apoio de um sistema micro-crédito” e “na promoção de formação específica para grupos-alvo, sobretudo, as novas tecnologias”. Estas medidas são avançadas pelos dois autores do estudo, como forma “imediata de resolver uma situação que em alguns locais ganha contornos deveras preocupantes”.
Este diagnóstico aponta o caso da Covilhã como exemplo. Neste município, “a taxa de desemprego atinge os 14,4 por cento, valor que é 2,41 vezes superior à média nacional. Para não variar, “as mulheres continuam a ser as mais afectadas pela falta de trabalho”. Segundo os números agora tornados públicos pelo ODES, “do total de desempregados, 58,6 por cento são mulheres”. Estes resultados ganham ainda mais preocupação, “quando se verifica que os desempregados estão nesta situação há mais de um ano”, refere Pires Manso. Para já, o estudo vai continuar a ser divulgado por várias entidades, tal como outros trabalhos do ODES, e “espera-se uma reacção por parte de várias entidades envolvidas neste assunto”, rematam os autores.