Segundo o documento, o distrito
de Castelo Branco tem água de má qualidade
|
Distrito de
Castelo Branco
Estudo mostra “cartão
vermelho” à qualidade de água
Promovida pelo Sindicato
Têxtil da Beira Baixa, a palestra que falou sobre
a água, mostrou também a falta de qualidade
deste bem de primeira necessidade no distrito de Castelo
Branco.
|
Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi
|
|
|
Um estudo sobre o Abastecimento
Público de Água no distrito de Castelo Branco
revela um deficiente nível de qualidade. O documento
foi apresentado e elaborado por Isaura Reis, durante um
debate intitulado Água e Ambiente- Bens Públicos
a Preservar. O evento foi organizado pela União de
Sindicalistas de Castelo Branco.
Segundo o estudo, os 11 concelhos do distrito albicastrense
têm no geral um “cartão vermelho”,
significando uma “má” qualidade da água.
O único município a receber um cartão
“laranja” foi Castelo Branco, que apresenta
uma “razoável” qualidade e não
tendo nenhum dos concelhos recebido um cartão “verde”,
indicador de boa qualidade, no total. O estudo foi baseado
em oito indicadores de qualidade como o número de
sistemas de água por população abastecida
e percentagem de sistemas que servem até 500 habitantes.
O número de recursos de origem subterrânea,
percentagem de população abastecida, população
com serviços de drenagem de esgotos e tratamento
dos mesmos, são outros dos indicadores. Isaura Reis,
docente na Universidade da Beira Interior e eleita da CDU
na Assembleia do Fundão, contabilizou também
as percentagens de análises em falta e em violação.
Mas para a autora, o estudo deveria ter nove indicadores,
pois deveria ainda “estabelecer a relação
entre o preço e qualidade”. Isaura Reis inspirou-se
no IQSAA, que é um índice que agrega os oito
parâmetros de qualidade, sendo também utilizado
pelas Nações Unidas, conforme refere a docente.
Segundo conclui o documento, Castelo Branco aparece com
um índice de 0, 865, o melhor resultado do distrito,
enquanto que a pior qualidade pertence à Sertã,
com um valor de 0,324.
O estudo apresenta ainda as percentagens de análises
em falta e que são obrigatórias por lei, para
controlar a qualidade. Nesta categoria nenhum dos municípios
cumpre a legislação, pois falta efectuar análises
em todos os concelhos.
Outro dos indicadores, que também é “preocupante”,
refere-se à origem subterrânea da água,
uma vez que “grande parte” da que se consome
provém do subsolo, garante Reis. “É
água de furos e minas, à qual geralmente é
adicionado cloro. Só que em redes antigas, a eficiência
desses sistemas de tratamento é baixa”, acrescenta
ainda. E exemplifica a situação com o caso
de Oleiros, pois “muitas áreas foram transformadas
em cinzas com os incêndios de 2003”, que ao
infiltrar-se no subsolo atingem os recursos hídricos.
Desta feita, a docente sugeriu ainda a construção
de “mais estações de tratamento”,
para melhorar a qualidade, antes da água chegar às
torneiras dos consumidores.
Durante o debate, foi ainda discutido a proposta do anterior
governo social democrata, que pretendia a privatização
das empresas Águas de Portugal e Águas do
Zêzere e Côa. A conclusão, referente
a este ponto, foi unânime entre os diversos oradores.
Segundo o convidado Francisco Brás, presidente do
Sindicato Nacional de Trabalhadores da Administração
Local (STAL), “a água é um bem público
e deve ser um direito de todos”. Pois, conforme esclarece,
se o sector for privatizado a empresa privada terá
de incentivar ao consumo e produção de lixo
para ter lucro, situação que descreve como
“ilógica”, uma vez que “prejudica
o ambiente e todas as pessoas”.
No discurso de encerramento, Luís Garra, presidente
a USCB, criticou as ausências dos autarcas convidados
ao acusar que “ou têm sabedoria total ou preconceito
em estar num debate organizado por sindicalistas”. |
|
|