Não é
a primeira vez que Aguardela (Sitiados) e Varatojo (Peste
& Sida/ Despe & Siga) procuram cruzar o passado
da música portuguesa com linguagens mais contemporâneas,
nem a primeira vez que musicam poetas portugueses. De
facto, em 1998, Aguardela lançava-se no projecto
“Megafone”, onde convergiam a electrónica
e as fontes do folclore português. Porém,
o projecto que antecedeu “A Naifa” foi “Linha
da Frente” (2002), que reuniu Varatojo, Aguardela
e uma série de vocalistas em torno da poesia portuguesa.
O projecto, no entanto, foi curto.
Em “A Naifa” surgem ligados, de forma quase
estranha de tão harmosiosa, o fado, a poesia, a
pop e a electrónica. As palavras são de
autores como José Luís Peixoto, Adília
Lopes, José Mário Silva, Rui Pires Cabral,
entre outros. Na guitarra portuguesa, a surpresa: Luís
Varatojo, de forma exímia. O projecto revelou,
por outro lado, uma fadista praticamente desconhecida
de todos: Maria Antónia Mendes (Mitó).
A digressão nacional de “Canções
Subterrâneas” trouxe “A Naifa”
à Covilhã. O Urbi quis matar a curiosidade
e saber como foi a adaptação de Luís
Varatojo à guitarra portuguesa. Com um sorriso
afável, o músico confessou que sente que
ela esteve, desde sempre, à sua espera. Interrogado
acerca da efemeridade de “Linha da Frente”,
Varatojo explicou que “A Naifa” é uma
banda, ao passo que “Linha da Frente” foi,
apenas, um projecto experimental. “Tínhamos
músicos de vários quadrantes e durante cerca
de dois anos experimentámos o disco em espectáculos.
Em A Naifa construímos uma banda e toda uma sonoridade
em torno dela.”
Há subjacente em “Canções Subterrâneas”
um lado marcadamente político e marginal. João
Aguardela contou ao Urbi que essa ambiência do disco,
que culmina de forma mais explícita com a última
faixa, “Questão da Noite”, “está
ligada ao quotidiano, à forma como as pessoas olham
a realidade.” Já no final da conversa, o
músico afirmou ser necessário “reinventar,
com urgência, a música portuguesa”.
A má divulgação
do espectáculo levou a que apenas 50 pessoas
estivessem presentes
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Naifadas à Organização
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Luís Varatojo, embora satisfeito com as condições
acústicas do anfiteatro das Sessões Solenes,
que serviu de palco ao concerto, não pôde
deixar de referir o facto de pouco mais de 50 pessoas
terem assistido ao espectáculo. “Em Faro
tivémos 500 pessoas, em Beja cerca de 300. Sentimos
que este foi o nosso primeiro tropeção”,
confessa.
O músico falou, ainda, de possíveis motivos
para o sucedido. Contou que a banda “contactou a
Universidade” e mostrou interesse em fazer o espectáculo
em tempo de aulas. Os responsáveis garantiram à
banda que na semana do concerto estas ainda estariam a
decorrer, o que, afinal, não se verificou. Outra
razão apontada por Varatojo prende-se com o “pouco
ou nenhum apoio, por parte da câmara municipal,
em termos de divulgação”.
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