António Fidalgo
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O Drama da
Paixão
Perdem-se as referências
religiosas e hoje muitos jovens universitários
não conhecem a história da Paixão
de Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos viram certamente
o filme de Mel Gibson “A Paixão de Cristo”,
que até é muito fiel ao texto evangélico.
Mas aqui trata-se de um conhecimento mediático
e muito pouco participado. Ora o que distingue o conhecimento
de antes sobre a paixão de Cristo do conhecimento
de agora é, fundamentalmente, o grau de vivência
interior que antes de concretizava em ladainhas, via-sacras,
numa semana santa vivida sob o signo da penitência.
A semana santa era um tempo dramático, com a recordação
da última ceia na quinta feira santa, e a hora
da morte do Cristo às 15h00 de sexta-feira.
A ignorância dos mistérios
da fé cristã que fundam a civilização
ocidental é seguramente uma lacuna cultural grave,
mas é também, e sobretudo, uma lacuna religiosa.
O religioso é o elemento de sentido para as questões
mais íntimas sobre a vida e a morte, sobre a dor
e o sofrimento, e a nossa civilização como
que se anestesiou face a essas questões.
A vivência da semana santa, a
lembrança e comemoração dos sofrimentos,
agonia, morte e ressurreição de Jesus Cristo,
era e é paradigma da vivência do drama que
surge em cada vida humana. Cristo sofreu e morreu, mas
ressuscitou, é isso que nos ensinam os evangelhos.
Dessa participação do paixão do Redentor
recolhiam-se formas de lidar com o sofrimento e a morte
que impreterivelmente batem às portas de cada um,
na pessoa de um amigo de peito, de um familiar, de nós
próprios. Pior do que o sofrimento é a cegueira
do sofrimento, pior que a morte é o sem sentido
da morte.
O drama da paixão de Jesus Cristo
é o exemplo, a lição de vida, que
recebemos para que os sofrimentos e a morte que nos tocam
não sejam sem sentido. |