Exposições
de trabalhos relacionados com a Matemática feitos
pelos alunos, venda de livros e uma conferência
com a convidada Natália Bebiano da Providência
preencheram o passado dia 17 de Março na Escola
Secundária Campos Melo (ESCM).
De uma forma divertida, alunos e professores praticaram
vários exercícios e debateram a questão
da dificuldade da aprendizagem de problemas matemáticos.
Com o objectivo de incentivar os jovens portugueses a
gostar de Matemática, Natália Bebiano da
Providência, professora catedrática do Departamento
de Matemática da Universidade de Coimbra, lançou
dois livros sugestivos à prática de cálculos.
“2+2=11” e “Matemática ou mesas,
cadeiras e canecas de cerveja” ensinam, de uma forma
alegre, o que é a Matemática. “Esta
disciplina é como um jogo. É necessário
saber a parte técnica, quais as suas regras, para
se compreender e poder jogar”, afirma a docente.
Com uma média a rondar os dez valores a Matemática,
os estudantes da ESCM estão longe de cumprir os
objectivos dos professores que leccionam nesta escola.
Para Paulo Lopes, orientador de estágios e membro
desta acção, “a média dos alunos
nesta escola não é muito famosa. Fizemos
esta conferência para cativar os jovens para o ensino
e estudo da Matemática através de outras
actividades que não temos tempo de dar nas aulas”.
A causa de desinteresse e desmotivação nesta
área deve-se a vários factores, na opinião
de Paulo Lopes. “Estamos numa sociedade em que tudo
é fácil. Abrir uma garrafa de sumo ou um
pacote de leite é fácil e a Matemática
não o é. È algo que exige esforço.”
Outra das razões é o trabalho diário
que a Matemática exige a quem a pratica. “Vivemos,
em termos culturais, numa comunidade onde se procura a
compensação imediata. No entanto, a Matemática
deve ser uma prática continuada, pois só
depois de várias etapas ultrapassadas é
que o esforço é compensado.”
Antigamente esta disciplina era leccionada de uma forma
repetitiva e que não obrigava ao raciocínio.
Actualmente, segundo Paulo Lopes, tal não se verifica.
“Estamos num contra-ciclo da Matemática.
Nos anos 60 era através da repetição
que se aprendiam as soluções para os problemas
matemáticos. Agora procuramos que os alunos resolvam
problemas difíceis mas depois não se fazem
mais exercícios idênticos”. A extensa
programação da disciplina é um dos
problemas mais graves que os professores enfrentam. “A
Matemática é exigente. Não basta
ter boa memória, é também preciso
saber analisá-la, interpretá-la”,
o que, por vezes pode ser complicado de resolver devido
ao tempo escasso que os professores enfrentam para dar
toda a matéria.
Natália da Providência defende que tanto
alunos como professores devem ter motivação
para a Matemática. “Só quando tivermos
a conjugação do querer ensinar e do querer
aprender é que a Matemática é eficaz.”
Nesta conferência foi referida a importância
de ultrapassar as dificuldades da Matemática mediante
a resolução dos problemas por etapas. “A
Matemática é um saber cumulativo. Para se
passar um nível num cálculo é necessário
ultrapassar o anterior. Basta falhar um nível para
não ir bem nos próximos.”
Ao longo do dia a interactividade entre professores e
alunos foi constante, demonstrando-se que, de uma forma
lúdica, a Matemática pode ser divertida.
Contudo, aquando do desafio, lançado pela oradora
Natália Providência à plateia, de
quem desejaria seguir Matemática…foram poucos
os braços levantados.
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