Numa sociedade onde
cada vez mais é necessário elevar os valores
da solidariedade, do civismo e da cidadania, «torna-se
importante debater o conceito de Associativismo».
Foi neste âmbito que o Sexto Empírico - Núcleo
de Estudantes de Filosofia da UBI (SEUBI) - promoveu um
colóquio com o objectivo de "impulsionar todos
os estudantes para participarem no movimento associativo,
o qual nos dá uma maior formação",
refere Daniel Lopes, Presidente do Sexto Empírico.
Os jovens portugueses são os menos participativos
nas organizações associativas a nível
europeu. Segundo dados do Instituto Português da
Juventude (IPJ), cerca de 84% dos jovens não participam
em actividades políticas ou não são
membros associativos de nenhuma instituição.
Estes números negros não ficaram alheios
aos oradores presentes no Anfiteatro da AAUBI. Para Bernardino
Gata, Delegado do Instituto Nacional para o Aproveitamento
dos Tempos Livres (INATEL) na Covilhã, "os
jovens são um «render de guardas» porque
é preciso modernizar o associativismo, no bom sentido.
É necessário que haja novos e mais dirigentes
capazes de «regressar do futuro» e isso só
é possível com mentes criativas, empenhadas
e solidárias."
Numa altura em que os portugueses sentem uma certa descrença
em relação ao sistema representativo, torna-se
relevante a participação e defesa dos interesses
da comunidade. André Barata, Professor da UBI ,
defende que "o associativismo é um espaço
de virtude pública" onde impera a ordem civil.
"O civismo não é apenas ser ordeiro,
é também ter a capacidade de participar
na autoria da Ordem, a qual deve ser permanentemente discutida",
esclarece o professor. De acordo com André Barata,
"os poderes representativos mais próximos
dos cidadãos estão cada vez mais distantes
do Governo Nacional". Para fazer face a esta situação,
André Barata defende o reforço da democracia
representativa, de forma a valorizar o sistema representativo
governamental. Diz o docente que "a participação
numa associação que defenda o interesse
comum deve completar o esqueleto do Sistema Representativo
Nacional. Deve ser a sua carne."
No mundo civilizacional em que nos encontramos, o Homem
não consegue viver por si só, e tem necessidade
de construir e participar numa Comunidade. Francisco Lino,
empresário e Fundador da Confraria Nacional do
Azeite, declara que "o Associativismo é um
vírus de sobrevivência. O Homem nasce egoísta,
mas sente a falta de resolver o que está mal, e
por isso reage". Fazer parte de uma associação
é, segundo Francisco Lino, "um trabalho, uma
capacidade e uma inteligência para dirigir o bem-comum."
A Covilhã tem cerca de 252 associações,
sendo uma das cidades da região com um maior leque
de organizações associativas. Este facto
deve-se, na opinião de Bernardino Gata, "a
um costume que vem de há vários anos. O
agregarismo organizado surgiu como uma resposta às
dificuldades do regime anterior. Outra razão é
a grande apetência cultural e desportiva que esta
região sempre teve."
Embora a sala estivesse praticamente cheia, o Presidente
do Núcleo de Estudantes de Filosofia queixou-se
da falta de algumas presenças, em sua opinião,
importantes. "Estávamos à espera de
mais núcleos a participar. Além disso, vieram
poucas Associações. Talvez tenha sido a
falta de publicidade."
O Dia da Mulher, 8 de Março, ficou então
assinalado na UBI pela discussão da necessidade
de expandir a valorização das práticas
sociais do movimento associativo.
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