O universo do absurdo,
conjugado com exercícios de imobilidade e movimento
foi a proposta de “2 º. A Circular/Tearte”,
grupo de teatro da Escola Superior de Comunicação
Social (Instituto Politécnico de Lisboa), numa
noite hilariante. Encarado como um espectáculo
“fora do normal” pelos próprios actores,
Seremos Gemas? é uma incursão pelo absurdo,
lembrando, por diversas vezes, o universo “non-sense”
de Monty Python. Alguns momentos de humor a roçar
a genialidade, num trabalho muito rigoroso e técnico
no que diz respeito a marcações e movimentos
em palco em apenas 35 minutos de peça. O suficiente,
no entanto, para arrancar do público expressivos
aplausos. No final do espectáculo, o encenador,
Ricardo Gageiro, explicou ao Urbi que, por vezes, o absurdo
é entendido como um universo hermético e
estéril. “Nas minhas peças procuro
não esquecer que o fundamental do teatro é
comunicar. Os meus trabalhos são sempre uma fusão
daquilo que as pessoas são e do que elas querem
dizer”, acrescenta. Nesse sentido, a linguagem absurda,
por vezes difícil de descodificar, surge um pouco
atenuada em Seremos Gemas?. “A peça é
bastante acessível e sentimos que arrancamos reacções
positivas por parte do público”, refere.
Seremos Gemas? estará dia 26 no Teatro Estúdio
Mário Viegas, em Carnide. No entanto, este não
é o projecto principal do grupo de Lisboa. “Trouxemos
este espectáculo porque não iríamos
conseguir preparar a tempo a outra peça”,
confidenciou ao Urbi o produtor Rodolfo Teixeira. Trata-se
do espectáculo “Atentados”, do inglês
Martin Crimp. Confessando-se nada incomodado com o frio
e os ares da Serra, o grupo mostrou-se um verdadeiro entusiasta
do teatro universitário. “É feito
de boa vontade e numa faixa etária em que se podem
experimentar muitos mundos. É um teatro amador
que pode estar muito perto do rigor dos trabalhos de profissionais”,
garante Ricardo Gageiro.
No início do espectáculo, os actores prometiam
ao público presente que se iria desvendar, em palco,
o sentido da vida. Ficou pendente, porém, uma questão:
“Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? “Seremos
todos, afinal, gemas?”
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