Uma peça que surge da adaptação
da obra Don Duardos de Vicente Gil
|
Teatro espanhol
em cena
Don Duardos encontra
amor eterno
O teatro clássico
fez uma visita à Covilhã pela mão
da Aula de Teatro de la Universidad de Extremadura, em
Cáceres. A peça Don Duardos y Flerida, inserida
no IX Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior,
conta uma história de amor de antigamente. Uma
adaptação da obra D. Duardos de Gil Vicente.
|
Por Filipa
Minhós
|
|
|
Entra uma cigana. Mete
conversa com os cavalheiros da sala. Oferece-lhes diversos
objectos carregados de magia e simbolismo. Assim começou
a peça Don Duardos y Flerida, trazida pela Aula de
Teatro de la Universidad de Extremadura, de Cáceres,
na vizinha Espanha.
A sala meio cheia do Teatro-Cine recuou no tempo até
à época medieval, para contar uma história
de amor. D. Duardos apaixona-se pela princesa Flerida, cujo
irmão é o seu pior inimigo. Para conquistar
o amor da princesa, D. Duardos consegue da cigana uma taça,
contendo um milagroso líquido que fará Flerida
cair de amores. D. Duardos consegue entrar no castelo da
sua amada como aprendiz de jardineiro, e depois de a princesa
beber a poção de amor, fogem juntos para Inglaterra.
Inserida no IX Ciclo de Teatro Universitário da Beira
Interior, esta peça, uma adaptação
da obra D. Duardos, do dramaturgo português Gil Vicente,
foi um desafio para o Departamento de Filologia Portuguesa
da Faculdade de Filosofia e Arte de Cáceres. Uns
escassos 15 dias foram o suficiente para que a montagem
da peça fosse conseguida. “O nosso maior inimigo
foi o tempo. A preocupação de decorar os textos,
de fazer os nossos próprios fatos, de preparar os
ensaios era constante. Consideramos que o produto final
é bastante bom, dadas as condições
oferecidas” – explica Asunción Mieres,
directora da Aula de Teatro.
Reunindo passagens da obra vicentina em prosa e em verso,
a linguagem desta peça teatral encerra em si todo
o estilo e ritmo da tragicomédia D. Duardos. A mensagem
pretende transmitir a força do amor, como linguagem
universal que tem permanecido inalterável ao longo
dos tempos. “Vemos constantemente na televisão
bruxas a comercializarem as suas magias para as pessoas
conseguirem o homem ou a mulher que desejam. Todavia, a
magia está no próprio amor, sem artifícios”
– refere Asunción Mieres.
Pela primeira vez a actuar em Portugal, a Aula de Teatro
superou as expectativas que tinha criado em relação
ao público luso. “Senti uma grande união
e cumplicidade entre os actores e a plateia. É claro
que se houvesse só um espectador, teríamos
actuado da mesma maneira. É uma questão de
profissionalismo” – salienta a directora. |
|
|