Uma história de
mulheres, sobre a vida das mulheres, uma história
marcante, assim se define a peça apresentada pelo
“Cénico de Direito” no palco do Teatro-Cine.
Ao longo de uma hora, num palco, oito mulheres, retratam
porque é que “uma mulher não nasce mulher,
torna-se mulher”.
Um palco cheio de objectos que existem dentro de uma casa,
como uma cama, um sofá, um palco colorido, com cores
fortes, cores que no fundo representam cada uma das oito
mulheres que pisou o palco, o roxo para a prostituta, o
preto para a executiva, o amarelo, o azul, o vermelho, o
verde…
São histórias diversas que se cruzam, dentro
dos quartos, na rua, histórias de cada uma, que influi
qualquer coisa na vida da outra, verdades, traições,
sexo, muito sexo, ao longo de uma hora, no palco, emoções
duras e verdadeiras, histórias de coisas normais,
como cabelos, unhas, medos, ansiedade. Histórias
de verdade, histórias que reflectem a sociedade tal
como ela é, e que amarra o público desde o
primeiro instante.
Público que aplaudiu de pé, a encenação
de Pedro Wilson, apesar de não ser unânime
na opinião em relação à peça.
Em declarações ao Urbi et Orbi, Clara Guerra
destacou o facto de que “não é qualquer
grupo cénico, que coloca em palco” o que este
grupo colocou, já Ricardo Rodrigues referiu que esta
peça “foi a melhor” de todas às
que já tinha visto, englobadas no ciclo de teatro,
destacando também o “cenário muito fixe”.
“Razoável” foi a nota que Marco Figueiredo
deu, já Seyne Torres não gostou, dando ênfase
ao “exagero de algumas cenas”.
Conversas finais
No fim do espectáculo, os actores do Cénico
de Direito, participaram numa pequena tertúlia,
de perguntas resposta, com o público, sobre a peça.
Um dos actores mais antigos do Cénico de Direito,
Henrique Gomes, realçou o facto de este género
de peça “não ter muita relação
com o nosso estilo, com o nosso grupo” e que esta
peça retrata a vida real, pois “todas as
mulheres e todos os homens têm vida dupla”.
Quando questionado sobre a temática e cenas de
sexo da peça, Ricardo Almeida realçou que
a “primeira barreira a ser ultrapassada, foi a psicológica”
porque o sexo “não é, suposto ser
mostrado em público”.
“Foi difícil, somos pessoas diferentes, num
curso complicado, e com personalidades, distintas e muito
fortes” assim resumiu, Sílvia Monteiro, o
processo de trabalho inerente a esta peça. “A
peça que fizemos expõem um lado que é
tabu”, acrescenta Paula Morais. |