A peça ficou a cargo do grupo Cénico de Direito
“Coisas de Mulher”
Histórias que são o espelho da sociedade

O grupo de teatro universitário Cénico de Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, apresentou no Teatro-Cine, no dia 6 de Março, a peça “Coisas de Mulher”, englobada no IX Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior.


Por Nuno Fernandes


Uma história de mulheres, sobre a vida das mulheres, uma história marcante, assim se define a peça apresentada pelo “Cénico de Direito” no palco do Teatro-Cine. Ao longo de uma hora, num palco, oito mulheres, retratam porque é que “uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher”.
Um palco cheio de objectos que existem dentro de uma casa, como uma cama, um sofá, um palco colorido, com cores fortes, cores que no fundo representam cada uma das oito mulheres que pisou o palco, o roxo para a prostituta, o preto para a executiva, o amarelo, o azul, o vermelho, o verde…
São histórias diversas que se cruzam, dentro dos quartos, na rua, histórias de cada uma, que influi qualquer coisa na vida da outra, verdades, traições, sexo, muito sexo, ao longo de uma hora, no palco, emoções duras e verdadeiras, histórias de coisas normais, como cabelos, unhas, medos, ansiedade. Histórias de verdade, histórias que reflectem a sociedade tal como ela é, e que amarra o público desde o primeiro instante.
Público que aplaudiu de pé, a encenação de Pedro Wilson, apesar de não ser unânime na opinião em relação à peça. Em declarações ao Urbi et Orbi, Clara Guerra destacou o facto de que “não é qualquer grupo cénico, que coloca em palco” o que este grupo colocou, já Ricardo Rodrigues referiu que esta peça “foi a melhor” de todas às que já tinha visto, englobadas no ciclo de teatro, destacando também o “cenário muito fixe”. “Razoável” foi a nota que Marco Figueiredo deu, já Seyne Torres não gostou, dando ênfase ao “exagero de algumas cenas”.

Conversas finais

No fim do espectáculo, os actores do Cénico de Direito, participaram numa pequena tertúlia, de perguntas resposta, com o público, sobre a peça. Um dos actores mais antigos do Cénico de Direito, Henrique Gomes, realçou o facto de este género de peça “não ter muita relação com o nosso estilo, com o nosso grupo” e que esta peça retrata a vida real, pois “todas as mulheres e todos os homens têm vida dupla”.
Quando questionado sobre a temática e cenas de sexo da peça, Ricardo Almeida realçou que a “primeira barreira a ser ultrapassada, foi a psicológica” porque o sexo “não é, suposto ser mostrado em público”.
“Foi difícil, somos pessoas diferentes, num curso complicado, e com personalidades, distintas e muito fortes” assim resumiu, Sílvia Monteiro, o processo de trabalho inerente a esta peça. “A peça que fizemos expõem um lado que é tabu”, acrescenta Paula Morais.