Esta experiência, agora iniciada pelo CHCB pretende diminuir o número de internamentos
Para diminuir internamentos
Hospital aposta em cuidados domésticos

Uma experiência inovadora, que passa pela prestação de alguns cuidados médiocos na casa do paciente, tem como fundamento, a diminuição dos internamentos nas unidades hopsitalares.


Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi


O Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB) está a levar a cabo uma experiência piloto de prestação de Serviços Domésticos Hospitalares (SDH), na área da cirurgia. A iniciativa pretende prestar os cuidados médicos necessários aos pacientes, “sem que estes tenham de passar mais tempo do que o necessário no hospital”, assegura Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do CHCB.
Apesar de decorrer já a algum tempo, a experiência afecta apenas a área da cirurgia, ainda que exista uma possibilidade de ser aberta a outras vertentes hospitalares. É uma iniciativa que “está a correr muito bem”, realizada à semelhança da unidade de Serviços Domésticos Hospitalares do Fundão, ainda que seja “diferente”, garante Castelo Branco. A experiência piloto do CHCB abrange apenas doentes da Covilhã provenientes dos serviços de cirurgia. Já os SDH fundanenses estendem-se por todo o concelho e trabalham em parceria com os Centros de Saúde, criando uma rede de Serviços Domésticos destas instituições.

Unidade do Fundão funciona apenas com cinco enfermeiros

As unidades de SDH ou Serviços Domésticos dos Centros de Saúde (SDCS) permitem a recuperação do doente em ambiente familiar e visam a melhoria da qualidade de vida do paciente. Outra vantagem destes serviços é o descongestionamento de internamentos. A unidade fundanense é autónoma do hospital, esclarece Ilda Venâncio, enfermeira graduada e voluntária neste serviço, antes de fazer a sua apresentação sobre o tema nas I Jornadas de Enfermagem Cirúrgica da Beira Interior, na passada sexta-feira, 25, na Universidade da Beira Interior (UBI).Estes serviços não devem ser encarados como um prolongamento da unidade de cuidados paliativos (unidade de Dor), mas sim como uma relação de articulação entre ambos, salienta. A existência de um protocolo de parceria entre o hospital do Fundão e os SDH, obriga a unidade a prestar os cuidados a todos os doentes de foro oncológico, apesar da assistência dada abranger todas as áreas de saúde.
Os SDH do Fundão são geridos apenas pelos cinco enfermeiros voluntários da unidade e assistem cerca de 200 doentes por ano, contabilizando cerca de seis mil visitas domiciliárias. A unidade trabalha todos os dias da semana, oito horas por dia, mas sempre que acontece uma emergência, independentemente da localidade e hora, a assistência é prestada. “Ninguém fica sem ajuda só porque vive longe ou por ser de madrugada ou feriado”, assegura a enfermeira. “os doentes não se compadecem com horários e nem escolhem horas ou dias para adoecer”, continua ao explicar o sistema de funcionamento dos Centros de Saúde.
Ao ser a única unidade no País ligada a um Hospital e “se não existisse seria uma grande perda”, sustenta Ilda Venâncio. Este serviço permitem que os doentes possam ter alta do hospital e restabelecer-se em casa com os familiares, ao mesmo tempo que têm todos os cuidados médicos necessários. “É um serviço de 24 horas que actua na retaguarda e só é pena ainda não estar implantado a nível nacional”, acrescenta Ilda Venâncio.