NC / Urbi et Orbi


Os trabalhadores voltaram a reunir em plenário junto às instalações da empresa

Os antigos trabalhadores da Nova Penteação reuniram em plenário, e mostraram-se indignados com a demora do Tribunal da Relação em decidir sobre um recurso de “carácter urgente” apresentado pela Beiralã, justificação para que Paulo de Oliveira, que ficou com a empresa, agora com o nome Teximax, não tenha ainda de pagar 25 por cento dos créditos que os trabalhadores têm em dúvida, num total de 750 mil euros.
Mas os trabalhadores querem reunir com Paulo de Oliveira para discutir o pagamento dos créditos em falta, que acham que deviam já ser pagos. O acordo com os trabalhadores previa que recebessem a quantia a que tinham direito em três tranches: 50 por cento iniciais, 25 por cento com o registo do trespasse e os restantes 25 por cento com o trânsito em julgado. No entanto, o Sindicato dos Têxteis sublinha que o pagamento dessa verba podia ser antecipada depois de uma reunião a realizar em Abril do ano passado com o novo dono, que nunca chegou a acontecer. Segundo o industrial covilhanense, porque o recurso da Beiralã ainda está em apreciação.
No entanto, o sindicato frisa que os trabalhadores não aceitam a recusa da antecipação do pagamento. E salienta que embora do ponto de vista legal Paulo de Oliveira possa invocar essa situação, alegam razões morais para que se proceda ao pagamento. Os sindicalistas dizem que quando o acordo foi celebrado não estava previsto que o processo se arrastasse por tanto tempo e que, “apesar dos impasses judiciais, o senhor Paulo de Oliveira está a trabalhar nas instalações, com as máquinas da empresa, e está a fazer negócios, como se a empresa já fosse definitivamente sua”. Para além disso acentuam que nenhuma sentença do Tribunal da Relação impedirá que o património da Nova Penteação continue na posse do industrial que ficou à frente da actual Teximax.
Motivação da Beiralã posta em causa
No plenário os antigos trabalhadores da unidade fabril decidiram intervir junto do Tribunal da Relação para que se decida de uma vez por todas sobre o recurso apresentado e exigem que Paulo de Oliveira agende uma reunião urgente com os representantes dos trabalhadores, para se falar sobre o pagamento dos 25 por cento dos créditos que falta receberem. E adiantam que caso não haja avanços no processo ponderam organizar uma vigília.
Recorde-se que dos dois interessados na recuperação da Nova Penteação os credores da empresa decidiram entregá-la, a um preço reduzido, a Paulo de Oliveira. A proposta derrotada não teve qualquer voto favorável. Foram então contratados 120 dos trabalhadores da Nova e actualmente a unidade já labora com cerca de 200. Dos antigos trabalhadores 300 ainda têm créditos a receber, apenas 160 já têm a situação resolvida.
Um comunicado enviado à imprensa o Sindicato Têxtil da Beira Baixa questiona as motivações do sócio-gerente da Beiralã, que está a atrasar o processo. “Apenas representava 0,1 por cento dos créditos, na Assembleia de Credores não votou contra a proposta vencedora e não apresentou uma proposta alternativa”. “Que interesses se movem e a quem interessam estas demoras ditas jurídicas?”, questionam. “Os trabalhadores não podem aceitar ser bodes expiatórios da morosidade e do descrédito da justiça e muito menos aceitarão ser “carne para canhão” nas guerras (reais ou encenadas) entre concorrentes”, acrescenta o documento.