António Fidalgo
|
Quatro e um
deputados
A política
não é futebol e os deputados eleitos
não são golos marcados na baliza do adversário,
porque se o fosse, o resultado do PS e do PSD no distrito de Castelo
Branco seria de quatro a um, uma banhada ou cabazada na gíria
futebolística. Carlos Pinto que foi eleito Presidente da
Câmara da Covilhã há pouco mais de três
anos com uma maioria expressiva de 6 vereadores do PSD num total de
7, não conseguiu ser eleito, no segundo lugar da lista do PSD,
para a Assembleia da República. É caso para dizer:
José
Sócrates venceu em Castelo Branco e em especial na Covilhã
à Pinto, deixando apenas um mandato para a
oposição.
A vitória esmagadora do PS no distrito de Castelo Branco tem
algo de comum com as vitórias esmagadoras dos dois autarcas de
proa do PSD no distrito, Carlos Pinto e Manuel Frexes. Carlos Pinto
foi premiado há três anos com uma maioria impressionante
pelo trabalho desenvolvido no primeiro mandato, em que o PSD teve
apenas 4 mandatos de vereador em 9. O PS é premiado por os
seus deputados serem da região, conhecerem a região e
identificarem-se com ela. A vitória agora do PS de José
Sócrates é também uma vitória à
Manuel Frexes no Fundão, que foi então um enorme voto
de castigo no PS de Sampaio Lopes. O PSD foi duramente castigado por
não ter tido sensibilidade para a interioridade, por advogar a
introdução de portagens na A23, por mudar
sucessivamente de cabeça de lista, sem qualquer
ligação
ao distrito, e de candidatos.
Os méritos e as culpas da vitória do PS e da derrota do
PSD em Castelo Branco não são apenas nacionais, são
sobretudo locais. É muito claro que existe um PS distrital em
que a dupla Sócrates/Covilhã e Sarrasqueiro/Castelo
Branco funciona em sintonia. O PSD distrital pura e simplesmente não
existe. Existem os seus autarcas, sim, mas com o lema de cada um por
si.
Na Covilhã o PS conseguiu um resultado retumbante, 65 por
cento. Carlos Pinto sofreu uma derrota que não merecia, é
verdade. Mas, o eleitorado votou nele para a autarquia e quer que
fique na autarquia. Se se recandidatar, com certeza que voltará
a ganhar folgadamente. A flutuação entre
eleições
autárquicas e eleições legislativas revela um
eleitorado extremamente ágil que quer os políticos no
lugar que ele, eleitorado, acha mais conveniente.
|