A presença de
um forte aparato policial junto ao pólo das engenharias
denunciava algo fora do comum. Durante uma semana, entre
14 e 18 de Fevereiro, a UBI recebeu a nata académica
dos estudiosos de Kondratieff.
Um evento que vinha sendo preparado há cerca de
cinco anos. Tessaleno Devezas, docente da UBI é
o principal promotor da iniciativa. Devezas refere que
“há algum tempo que se pretendia organizar
um evento relacionado com o terrorismo, com as guerras
e com o impacto que estas acções têm
na sociedade e no mundo em geral”. Com a ida de
Carvalho Rodrigues, professor e doutor honoris causa da
UBI, para um dos centros de investigação
da NATO, “essa aspiração ganhou contornos
mais sólidos”, acrescenta Tessaleno Devezas.
Depois de algum trabalho por parte dos dois docentes da
UBI, “o projecto foi finalmente aprovado pela organização,
mas deveria ter lugar na Rússia”. Devezas
frisa que desde sempre olhou para a UBI como um lugar
fundamental “para se promover um evento a esta escala”.
Contudo, os acontecimentos do 11 de Setembro levaram a
que a NATO e muitos participantes cancelassem o encontro.
Passado todo este tempo “conseguimos trazer até
à Covilhã os mais respeitados cientistas
e estudiosos dos ciclos de Kondratieff”.
As curvas de Kondratieff
foram a base das jornadas
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Poder económico e militar
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Várias dezenas de apresentações,
mais umas tantas teses de investigação e
um punhado de discussões levaram os participantes
deste encontro a retirar conclusões valiosas para
o futuro.
Tessaleno Devezas, enquanto anfitrião explica que
“deste encontro poderá sair um novo de estudo
sobre os conflitos armados”. Toda a actividade teve
como pano de fundo as investigações realizadas
no começo do século XX pelo economista russo
Nicolai Kondratieff. Há luz das teorias deste economista,
as guerras são previsíveis através
de ciclos, com uma duração aproximada de
50 anos. Estes ciclos indicam que numa primeira fase existe
um acumular de novas invenções e de novas
tecnologias. Essas descobertas levam a que a sociedade
conheça um forte avanço que vai culminar
num conflito armado, representante da pior fase do ciclo.
Logo após este, “regista-se um novo período
de retoma”.
Ainda assim, “os resultados apresentados neste encontro
apontam para novas ideias”. Hoje em dia, os estudiosos
destas matérias referem que “cada vez mais
o poderio militar está a ser suplantado pelo poder
económico”. Ao que parece, “o dinheiro
começa mesmo a ter mais importância que as
armas”.
Este tipo de teoria foi explicado por Gerhard Mensch,
reputado consultor político da Casa Branca. Para
Mensch, a actualidade retrata a teoria avançada
por Kondratieff, “ainda que de uma forma algo diferente”.
Os Estados Unidos da América, como grande potência
a nível mundial “começa a ver a sua
economia a fraquejar e passa a utilizar o seu poderio
militar como principal forma de persuasão”.
A China, “o futuro império universal, devido
ao crescimento económico galopante, na ordem dos
dez por cento”, vai ser o próximo estado
a fazer frente à América. Nessa altura,
que “não deverá estar a muitas décadas”,
Gerhard Mensch diz que “a pior parte do ciclo, o
conflito armado, vai voltar”.
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Tessaleno Devesas foi o principal impulsionador
do encontro |
Num leque de cientistas e investigadores divididos por
várias nacionalidades, o austríaco Cesare
Marchetti ganhou um forte destaque. No entender deste
investigador austríaco, “as guerras estão
a mudar de formato”. Os conflitos bélicos
com uma elevada taxa de mortes estão a dar lugar
às pressões económicas e aos “jogos
de bastidores”.
Marchetti fala no fosso que está a ser cavado entre
as economias com uma grande evolução, “como
é o caso da China” e os povos do dito “terceiro
mundo”. A fronteira entre “o mundo ocidental
e civilizado e o oriente mais guerreiro tem tendência
a ficar mais carregada, devido ao terrorismo”.
Este foi um dos aspectos em grande destaque nestas jornadas.
Segundos os intervenientes, os terroristas “apostam
cada vez mais em armas pouco tradicionais”. Os químicos,
a Internet e outro tipo de utensílios nas mãos
de grupos armados “são cada vez mais perigosos”.
Durante a semana em que decorreu o encontro foram ainda
debatidos os fundamentos da teoria de Kondratieff. Algo
que levou Tessaleno Devesas a falar sobre “possíveis
avanços perante as primeiras teorias”, operados
na UBI.
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