A contenda parecia condenada
ao empate, tal era a qualidade do futebol praticado no Santos
Pinto na tarde ventosa do último domingo. Valeu,
porém, a inteligência de Cunha, o único
jogador em campo que ainda mostrava discernimento quando
já os restantes 21 jogavam mais com o coração
do que com a cabeça.
O médio covilhanense acabou por resolver a partida
com um canto directo. Cunha já havia tentado uma
vez, mas Monteiro salvou, mesmo em cima da linha, novamente
para canto. À segunda foi de vez. O centrocampista
serrano coloca a bola em arco ao segundo poste aproveitando
o vento que soprava forte na direcção da baliza
de Alemão. Ninguém conseguiu aliviar e a bola
fez mesmo abanar as redes albicastrenses. Estava confirmada
a nona vitória da temporada, a quinta no estádio
serrano.
De resto, e para além do golo monumental de Cunha,
pouco há a reter deste derby. Muito pobre em pormenores
técnicos e em situações de golo, valeu
pelo empenho e pelo esforço colocado em campo por
ambas as formações.
Sem Pesquina e Oliveira, que muito certamente não
vão recuperar totalmente das lesões que os
afligem até final da temporada, Fernando Pires viu
limitadas as suas opções para a frente de
ataque, onde Luizinho esteve quase sempre sozinho. Mas nem
só no ataque se sentiu a falta de peças influentes.
As ausências de Milton (castigado) e Banjai, que apesar
de ter jogado os últimos minutos ainda não
se encontra nas melhores condições, foram
notadas num meio-campo pouco esclarecido a fazer a transição
defesa-ataque.
O Benfica e Castelo Branco, por seu turno, apresentava-se
na máxima força. Pormenor que, no entanto,
não chegou para fazer a diferença. Com todas
as suas limitações, o Sporting foi quase sempre
superior ao longo dos 90 minutos e foi quem mais cedo esteve
perto do golo. Logo aos três minutos Luizinho poderia
ter aberto o marcador, mas ao cruzamento milimétrico
de Pimenta o avançado serrano corresponde com um
cabeceamento para onde estava virado… ao lado da baliza.
Pouco depois foi a vez de Daniel Matos por à prova
os reflexos de Luís Miguel. Só à passagem
da meia-hora o golo esteve perto de acontecer no Santos
Pinto, mas o remate de Tarantini saiu muito por cima da
baliza. Antes do intervalo foram novamente os encarnados
a desperdiçar nova oportunidade. De forma desastrada,
Bruno Matos desvia por cima da baliza um remate de Monteiro
que levava selo de golo. Vento ajuda leões
Na segunda parte, a jogar com o vento pelas costas, o
Covilhã foi sempre a equipa mais perigosa. Na impossibilidade
de entrar com a bola jogável na área albicastrense,
os covilhanenses optam pelo remate de meia-distância,
mas sem grande sucesso.
O Benfica, por outro lado, não conseguia ultrapassar
a linha de meio-campo, e os lançamentos longos
para os homens mais avançados eram sempre travados
pelo vento. Após quase meia-hora sem grandes oportunidades
e de futebol pouco convincente, o Sporting chega ao golo
através de um canto directo convertido por Cunha
que haveria de garantir os três pontos para os leões
da serra.
Depois da equipa da casa se adiantar no marcador o juogo0
tornou-se mais interessante, com o Benfica a tentar o
tudo por tudo para chegar ao empate. E foi precisamente
nos últimos instantes que se viu, finalmente, a
equipa encarnada a arriscar-se no ataque, e a causar arrepios
nos adeptos locais. Parmalat consegue fugir à marcação
e surge sozinho frente a Luís Miguel que vê
a bola passar a escassos centímetros do seu poste
esquerdo.
Antes do final, porém, coube ao Sporting a melhor
ocasião para aumentar a vantagem. Cordeiro lança
Luizinho que, de primeira, faz um grande remata para defesa
espectacular de Alemão.
O resultado acaba por se adequar ao que se passou em campo.
O Covilhã cumpriu a sua missão, mas continua
a não convencer. |