NC / Urbi et Orbi


Em poucos minutos, o jogo mudou por completo

Tudo estava a correr bem ao Covilhã até aos 85 minutos de jogo. Os leões venciam no terreno do Esmoriz por dois golos de diferença (2-0) e, em Mafra, o líder empatava na recepção ao Torreense. Tudo corria bem aos serranos e só faltavam cinco minutos para o final do encontro. O que poderia correr mal?
Bem… tudo. Em cinco minutos apenas o Covilhã fez o trajecto, que afinal é curto, entre o Céu e o Inferno. De vencedor anunciado passou a derrotado inesperado e deixou escapar mais uma preciosa oportunidade de se aproximar da liderança da tabela.
Ninguém sabe o que se passou. É um daqueles mistérios que continuará sem explicação durante, talvez, gerações. Mas o mais preocupante é este Covilhã vacilar demasiado nos instantes finais dos desafios. Não foi a primeira vez, muito longe disso. Mas foi, com certeza, a mais penosa. É que, até aqui, as recuperações dos adversários na recta final do desafio não tinham ido além do empate. Desta vez os serranos permitiram, não só a recuperação, mas a reviravolta total, deitando por terra uma vantagem de dois golos que tão difícil tinha sido de alcançar. E tudo em cinco fatídicos minutos, entre os 86 e os 90.
O jogo até começou bem para a turma de Fernando Pires. Ainda o cronómetro não atingira o quarto-de-hora e já os forasteiros se colocavam em vantagem. Rui Miguel – reforço de Inverno lançado pela primeira vez a titular – retribui a aposta do técnico com um golo. Um tento fácil resultante de um mau alívio de Bruno Sousa na sequência de um remate de Piguita.
A vencer pela margem mínima o Covilhã continuou a comandar as operações sempre à procura de uma hipótese que permitisse dilatar a vantagem. Oportunidade que surge à passagem da meia-hora. Pimenta é rasteirado dentro da área adversária e João Andrade, sem dúvidas, aponta para a marca de penalty. Mas Oliveira, pela segunda vez esta época, falha na conversão e permite a defesa de Bruno Sousa.

Golpe final em tempo de descontos

No segundo tempo assiste-se a uma inversão dos papéis. Um Covilhã a recuar em demasia e a gerir a magra vantagem, e um Esmoriz sem nada a perder e sempre pronto a invadir o meio-campo serrano. Escusado será dizer por onde mais tempo andou o perigo. Escusado será dizer quem, durante mais tempo, andou com o coração nas mãos.
O Esmoriz assumia a despesa e forçava o erro dos covilhanenses, que não conseguiam responder na mesma moeda… até ao minuto 80. Num rápido lance de contra-ataque Cunha começa, Káká cruza e Cunha… conclui com o segundo tento da sua equipa.
Um golo que podia dar alguma tranquilidade à equipa da Serra da Estrela e que sentenciava, desde logo o destino das duas equipas naquela tarde. Nada mais errado.
Os esmorizenses “chatearam-se” e partiram novamente para cima dos forasteiros com uma fúria tal que os serranos ficaram completamente petrificados. Primeiro foi Fífas, aos 86, a reduzir. No minuto seguinte foi a vez de Mike molhar o pão na sopa com um chapéu irrepreensível a Luís Miguel que perde completamente a noção da sua posição, e por fim, já em período de descontos, Filipe dá a machadada final no moribundo leão.
Agora vem aí o Benfica e Castelo Branco para mais um daqueles derbies distritais de desfecho imprevisível. E onde os níveis de concentração tem que durar (e isto é importante para os jogadores da Covilhã) … 90 minutos.