Nos próximos
cinco anos o sector têxtil em Portugal vai perder
73 mil trabalhadores, que se vão juntar aos milhares
que nos últimos anos têm perdido os seus
postos de trabalho, devido ao encerramento de muitas empresas.
Esta é uma das conclusões de uma análise
feita pelo Centro de Estudo Têxteis Aplicados (Cenestap),
que foi apresentada no dia 26 de Janeiro.
Segundo o documento, com o diagnóstico e prognósticos
para o sector, os trabalhadores na área produtiva
serão os mais afectados, já que entre 40
a 50 por cento da estrutura de pessoal estará centrada
no "serviço e no imaterial". Ou seja,
com funções na área comercial, do
marketing, planeamento e controlo.
Até 2010 os empregos nesta indústria em
Portugal não devem ultrapassar os 139 mil, contra
os 212 mil e 500 registados no ano passado. No entanto,
mais de metade dos gestores terão "formação
específica", o que representa outra alteração.
O estudo aponta ainda para que o volume de exportações
continue a descer até 2006, a que se seguem dois
anos de recuperação, até se fixar
daqui a cinco anos nos cinco mil milhões de euros.
Um valor que representa o melhor índice desde 1995,
com excepção do pico, em 2001.
Apostar na valorização de marcas
próprias
O estudo, a que foi dado o nome ITV_ 2010, fornece orientações
de actuação para os diversos ramos do têxtil
e do vestuário. E para que essa retoma se concretize,
é necessário que, tal como está previsto,
os produtos de marca própria daqui a cinco anos
tenham um peso significativo, na ordem dos 25 por cento,
nas exportações, assim como os têxteis
técnicos, 50 por cento. Isto é, que se aposte
numa valorização da propriedade industrial
e a especialização em têxteis menos
comuns. "Inovação e criação
de valor", frisam os responsáveis pelo documento.
Entre as "políticas públicas"
para o sector preconizadas sublinha-se o combate ao poder
asiático. No âmbito europeu recomenda-se
que Portugal reclame medidas de reciprocidade na abertura
de mercados e que aumente a pressão política
internacional para que haja um maior nivelamento de preocupações
na área da protecção social dos trabalhadores
e da protecção ambiental.
A criação de um fundo para a renovação
da indústria têxtil, através do reembolso
de verbas de programas como o IMIT, de apoio à
modernização, a dinamização
de duas ou três redes de retalho, a promoção
de concursos para desenvolvimento de programas empresariais
e o incremento da formação de quadros de
gestão de topo e intermédios são
outras das medidas recomendadas.
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