Pintor faz
oferta
Igreja do Peso "enriquecida" com quadros de
arte sacra
O pintor Fernando Simões
doou três quadros à Igreja do Peso, localidade
onde reside. As obras estão agora expostas ao público
no templo religioso.
|
Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi
|
|
São três os quadros, de medidas diversas,
que Fernando Simões doou à Igreja do Peso,
localidade onde vive. As pinturas são em pastel
sobre papel de algodão, de estilo barroco, e vêm
"enriquecer tanto a Igreja como a freguesia",
assume o pintor. As características especiais das
obras fazem delas, segundo garante, peças "únicas
no mundo", situação que contribui para
a "riqueza do espólio da igreja".
Professor de matemática e pintor "sempre que
pode", apesar de só ter 43 anos, já
conta com 25 anos de carreira artística, comemorados
no passado ano. São "imensas" as exposições
que já fez, tanto colectivas como individuais,
que já lhe perdeu a conta, apesar de assegurar
que expõe para si, pois é quando vê
todo o conjunto de quadros com "olhos de ver".
Mas nunca pensou viver só da pintura, visto acreditar
ser um objectivo "praticamente impossível
de concretizar, porque o povo português não
está educado para a cultura". Desde muito
cedo demonstrou interesse e gosto pela pintura, "já
na escola primária pintava paisagens, animais e
coisas assim". Mas acrescenta que só começou
a pintar "a sério" depois de elaborar
a sua primeira exposição, em 1978. Apesar
de pintar e expor há muitos anos, ainda mantém
uma visão romântica de seu trabalho, acrescenta
ao esclarecer que pinta com um intuito de fazer passar
sentimentos específicos à sua plateia. "
Fico à espera que as pessoas tenham uma determinada
reacção e quando isso não acontece
fico a pensar que não sentem as ondas dos quadros".
Fernando Simões considera-se um pintor com "duas
personalidades", visto pintar dois estilos diferentes,
o "tradicional, óleo sobre tela e pastel sobre
papel de algodão", esclarece. As influências
são variadas na vida artística deste professor.
Desde Caravaggio até ao contemporâneo Francis
Bacon, passando pelas portuguesas Paula Rego e Graça
Morais, pintora que aprecia "bastante". "Há
quem pense que seguir ou assumir influências é
mau para um artista. Eu acho que é bom. A riqueza
está na mistura, pois é esta que ajuda a
desenvolver a arte". Simões assegura ainda
que o meio e a cultura são factores importantes
para um pintor e para as suas obras, pois também
devem ser entendidas pelos seus conterrâneos.
Os três quadros que doou à igreja do Peso
fazem parte da exposição de comemoração
dos 25 anos de carreira, inspirada no filme de Mel Gibson,
"A Paixão de Cristo". Simões realizou
cerca de duas dezenas de pinturas, todas de arte sacra,
seguindo o estilo barroco, mas "únicas no
mundo pelas suas características". O conjunto
exposto, representa a "Via Sacra" e foi pintado
segundo a técnica de pastel sobre papel de algodão.
É este facto que o docente considera "inédito"
nas obras, pois desconhece a utilização
da mesma técnica por outro pintor, apesar de já
ter investigado em Portugal e noutros países europeus.
Quando questionado acerca da razão que o levou
a oferecer os quadros à igreja, sustenta que as
pinturas "só podem ser bem compreendidas quando
contextualizadas com o meio". Da exposição
de 20 quadros, apenas cinco ficaram por vender, dos quais
três foram para a igreja do Peso e os restantes
dois para o museu da Guarda.
Actualmente Fernando Simões está já
a preparar uma outra exposição, mas não
quis adiantar o tema por " ainda ser demasiado cedo".
Mas admite que assim que acaba um conjunto de quadros
começa logo a pensar noutro. "Pinto todos
os dias", garante ao explicar ser esta a razão
de conseguir fazer cerca de "duas ou três exposições
por ano no distrito".
|