A
ruptura com a fenomenologia do corpo
de
José Gil
O filósofo
José Gilé considerado, no n+úmero especial
de Le Nouvel Observateur (N.O.), como um dos 25 “grandes
pensadores” de todo o mundo, ao lado de Richard Rorty,
Peter Sloterdijk, Tony Negri e Slavoj izek. O projecto do
N.O., comemorativo do seu quadragésimo aniversário,
procura ultrapassar a ignorância que existe em França
sobre a elaboração do pensamento noutros países,
contrariar a babelização do pensamento e contribuir
para “uma visão construtivista do universal”.
A apresentação de José Gil é feita
por Eduardo Lourenço que no “Itinerário
Bibliográfico” afirma que “as obras do
filósofo e ensaísta José Gil se caracterizam
por uma abordagem original, enriquecida com a contribuição
das ciências humanas” e que “a aprtir de
uma reflexão sobre dados oriundos de várias
disciplinas, como a etnologia, a história da medicina,
a psiquiatria e a filosofia política, o autor mostra
em Metamorfoses do Corpo as ligações por vezes
muito subtis entre as múltiplas formas do poder (…)
e a utilização das energias corporais”.
Eduardo Lourenço acrescenta que “afastando-se
do estruturalismo e da semiótica – sem contudo
negar alguns dos seus frutos –, (José Gil) propõe
um outro método de análise do poder trazendo
novos elementos à noção foucauldiana
de biopoder. Dando conta de fenómenos como o prestígio,
o carisma, a transferência psicótica, a linguagem
da dança, bem como os mecanismos de transformação
das forças corporais através da manipulação
dos signos e dos dispositivos que os captam, Gil constrói
novos conceitos que entram em ruptura com a fenomenologia
do corpo de Husserl e Merleau-Ponty. |