"Um plano ambicioso,
mas realista", é como Manuel Frexes, presidente
da Câmara Municipal do Fundão, descreve o projecto
de supressão das passagens de nível da zona
urbana da cidade. São cerca de oito as linhas férreas
a eliminar, estando já outras quatro suprimidas com
a inauguração da passagem desnivelada da Arieira,
na passada sexta-feira, 21. O projecto pretende diminuir
os acidentes e perigo causados pelo atravessamento das passagens,
entre os quilómetros 146 e 149 da Linha da Beira
Baixa, e reduzir o tráfego no centro da cidade.
"Uma revolução que irá mudar a
cidade", é como o edil fundanense descreve o
projecto, assinado com a Rede Ferroviária Nacional
(Refer), também na passada sexta-feira, 21. Segundo
aponta o projecto da primeira fase das obras, são
seis passagens desniveladas no total, três superiores
e inferiores, com um investimento que ronda os 15 milhões
de euros. As infra-estruturas aéreas são destinadas
a peões, estando uma delas apenas direccionada para
o trânsito de pesados. Nas subterrâneas ou inferiores
a situação inverte-se, pois apenas uma é
para uso pedestre. As construções vão
abranger as zonas desde a Arieira até à freguesia
das Donas, pertencente ao concelho do Fundão.
Já inaugurada foi a passagem da Arieira que permite
suprimir mais quatro linhas de caminho de ferro, nomeadamente,
a do hipermercado Monteverde. Infra-estrutura rodoviária
e pedestre que, segundo Frexes, era um "perigo e grande
causadora de constrangimento ao tráfego", e
representa um investimento de dois milhões de euros.
Já na zona dos hipermercados Intermarché e
Lidl ficam situadas duas passagem desniveladas aéreas,
sendo a última só para peões. Na rua
Eugénio de Andrade (no Fundão) a obra é
subterrânea e destinada ao trânsito de pesados,
mas também com travessia pedestre. Por sua vez, a
zona da estação de comboios vai ser modernizada
e requalificada urbanisticamente, garante o edil, com o
intuito de a transformar mais "atractiva aos visitantes
e residentes". Mas a inovação projectada
é transformação da estação
em terminal para tráfego tanto ferroviário
como rodoviário. Para esta zona, está ainda
previsto a recuperação de imóveis degradados,
com o objectivo de resolver problemas de habitabilidade.
Mas as alternativas para tirar o tráfego do "coração
da cidade", como classifica Frexes, continuam, pois
a linha férrea de Vale Verde vai ser eliminada e
substituída por uma passagem aérea para peões.
Também a zona da quinta das Sesmarias ganha uma travessia
para pesados que desemboca junto ao castelo. Todas as estruturas
ficarão ligadas entre si, estando já projectadas
duas circulares, uma externa e outra interna, para o trânsito
rodoviário da cidade. A primeira pretende captar
o tráfego proveniente da zona do convento de Santo
António (situado em Souto da Casa) e virá
desembocar à rotunda da localidade de Donas, dando
também acesso à A23.
Início das obras marcado para 2006
Esta "revolução urbanística"
é um "sonho que em breve se tornará
realidade", confessa o presidente da Câmara.
O projecto vai proporcionar uma maior mobilidade, melhoria
das acessibilidades e expansão da cidade. Para
Frexes, o Fundão vai oferecer mais segurança
e conforto aos fundanenses e aos utilizadores das vias
tanto ferroviárias como rodovoárias. Segundo
o edil, também as fututras gerações
vão ganhar, pois a competitividade vai aumentar,
o que permite criar mais empregos, ajudando a fixar os
jovens na região.
Câmara Municipal do Fundão fica responsável
pela aquisição e expropriação
dos terrenos necessários para a construção
das infra-estruturas. O prazo para a conclusão
desta operação está previsto terminar
em Dezembro deste ano, apontando-se o lançamento
do concurso público para as obras no próximo
mês de Julho. Segundo o protocolo, a execução
das construções da primeira fase vai começar
em Janeiro de 2006 para terminar em Dezembro de 2007.
O investimento total ronda os 15 milhões de euros,
tendo a Refer contribuído com um valor superior
a 10 milhões. Um esforço que o presidente
do Conselho Administrativo da Rede Ferroviária
Nacional, José Braamcamp Sobral, classifica de
"muitro grande, mas necessário", uma
vez que é urgente resolver-se os problemas com
os caminhos de ferro. A modernização das
linhas ferroviárias é uma aposta para os
próximos 15 anos, acrescenta Sobral, para cativar
a população a procurar mais este meio de
transporte.
Para a execução das obras previstas, a Refer
fica responsável por assegurar cerca de 80 por
cento do dinheiro, enquanto que a autarquia apenas vai
ceder cerca de 20 por cento. Já no que toca à
aquisição dos terrenos, a situação
e valores percentuais invertem-se, dando a Câmara
80 e a Refer 20.
A Refer fica ainda responsável por ceder à
Câmara do Fundão o património edificado
da estação de Alcaria, para futura recuperação.
O intuito da autarquia passa por entregar o espaço
a uma associação que trabalhe para a comunidade,
segundo adiantou Frexes, sem querer lançar nomes.
Também para a segunda fase deste projecto fica
a eliminação das três passagens de
nível em Donas, Alpedrinha e Vales Prazeres. No
que respeita às obras da passagem inferior em Alcaide,
que por erros técnicos estão paradas, o
presidente da Refer apenas garantiu que a situação
vai ser desbloqueada em breve. |