Jorge Fael apontou armas contra
as políticas de direita
|
Jerónimo
de Sousa na Covilhã
Uma lição
pouco estudada
Foi um candidato
morno que se apresentou numa noite fria na Universidade
da Beira Interior. O líder do Partido Comunista
Português trouxe um discurso pouco comovente para
a plateia e para a região.
|
Por Eduardo
Alves
|
|
|
O anfiteatro da Parada
na UBI estava bem composto, mas não repleto. Longe
vai o tempo em que o aparelho comunista conseguia, na cidade
da Covilhã e nas freguesias do concelho encher praças
e pavilhões de gente que empunhava a bandeira vermelha.
Agora, os tempos são outros e até o mais renitente
partido político português se vê forçado
a abraçar as novas técnicas da comunicação.
A espera pelo candidato faz-se ao som de cantigas de Abril,
para avivar as memórias dos combatentes do fascismo,
distribuem-se bandeiras de todas as cores e até umas
t-shirts com o slogan da campanha. O secretário-geral
lá vai aparecendo, com o atraso que é devido
nestas situações e sobe ao palco com a equipa
que concorre pelo ciclo de Castelo Branco.
Talvez por estar a jogar em casa, ou por recordar tempos
de estudante universitário, Jorge Fael, o sociólogo
e candidato a deputado do PCP pelo distrito de Castelo Branco,
mostra-se bastante inspirado. Fael apresentou-se com uma
retórica irrepreensível, onde o lirismo do
ideal comunista foi entremeado por passagens hilariantes.
Aqueceu a sala, levantou, em certos momentos a plateia e
ouviu vivas. “Deitar abaixo as políticas de
direita e a violência dirigida a quem trabalha”
são os principais objectivos deste candidato. O sociólogo
que encabeça o círculo de Castelo Branco fez
uma recensão de “todas as políticas
que têm contribuindo para o atraso do interior”
e afirmou que o voto no PCP “é um voto na diferença,
um voto em que quer defender a região” e não,
“mais um lugar na assembleia”.
|
Jerónimo de Sousa refere que o voto no PCP
é o mais acertado |
Com um discurso pouco centrado nos problemas regionais,
Jerónimo de Sousa preferiu uma análise global
“à situação do País”.
Desde a agricultura, às florestas, passando pelas
industrias e pelo comércio, “as políticas
de direita levaram Portugal a bater no fundo”.
O líder do PCP relembra que “mesmo as ideias
do Partido Socialista (PS) não são muito melhores
que as do actual executivo”. Para Jerónimo
de Sousa, a eleição, “por maioria absoluta”
de José Sócrates, “é ter mais
do mesmo”. Na Covilhã, em plena Universidade,
o secretário-geral dos comunistas lembrou a moda
“dos choques”, desde o tecnológico ao
económico. Contudo não entrou na moda das
“viragens bruscas” e preferiu manter uma linha
política “que tem vindo a dar frutos”.
A última alusão aos militantes da Covilhã
foi no sentido de saberem ler as sondagens. Isto porque
“para um partido que muitos diziam estar no fim, oito
por cento dos votos é qualquer coisa de extraordinário”. |
|
|