José Geraldes
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Metas
e determinação do bispo coadjutor
Nas palavras que proferiu
no final da sua tomada de posse como bispo coadjutor da
Guarda, D. Manuel Felício sintetizou em sete pontos
as metas que se propõe alcançar sem prazos
rígidos. Não se tratando de um programa,
no sentido tradicional do termo, estes sete pontos constituem
antes prioridades a levar à prática na continuação
da renovação da Diocese.
A “abertura de novos caminhos”, “as
novas linguagens”, “os novos métodos”
e a “resposta à Nova Evangelização”-
as expressões são do seu discurso- denotam
uma forte preocupação com os desafios do
futuro. Ditas com grande convicção, estas
palavras revelam ousadia para enfrentar os problemas,
o que todos devemos aplaudir.
O primeiro ponto diz respeito à gratidão.
O bispo coadjutor quer envolver não só a
Diocese mas também a sociedade civil na homenagem
mais que justa a D. António dos Santos, por ocasião
dos seus 25 anos de bispo da Guarda. É um gesto
nobre que revela igualmente a largueza de espírito
de D. Manuel Felício. Até porque todos sabemos
como D. António dos Santos é avesso a homenagens.
Mas seria uma grave omissão se esta data não
fosse assinalada, apesar dos seus problemas de saúde.
O segundo ponto tem a ver com os padres. Um bispo sem
os padres não pode concretizar a sua acção
pastoral. D. Manuel Felício propõe-se “cuidar
dos padres, em toda a linha, no seu bem humano, espiritual,
pastoral e no material”. Vasto projecto que é
fundamental para a Diocese. E que tem de ser permanente
e a que as comunidades cristãs não podem
ser alheias. E que todos os padres agradecem.
O terceiro ponto está na preparação
do futuro. As vocações sacerdotais e os
Seminários Diocesanos figuram como uma das suas
preocupações essenciais com a possibilidade
de serem criados novos serviços para levar a bom
termo esta ingente tarefa. E que implica a colaboração
de toda a gente e dos vários organismos pastorais.
O Diaconado permanente cuja preparação dos
seus membros continua em bom ritmo, aparece como o quarto
ponto a merecer a atenção de D. Manuel Felício.
E com toda a razão. Não apenas pela crescente
diminuição dos padres mas também
e sobretudo para mostrar a vitalidade, o complemento e
a comunhão da Igreja Católica e das suas
comunidades.
Há uma referência igualmente a “todos
os outros ministérios não ordenados”.
A este propósito, os cursos de formação
de leigos já realizados ao longo de vários
anos constituem um auxílio muito valioso. O bispo
coadjutor não esquece a presença das ordens
religiosas, os institutos seculares e “associações
de vida apostólica”, “no sentido de
procurar que eles se fortaleçam na sua identidade,
no seu carisma e na sua missão específica”.
O quinto ponto centra-se nos leigos. D. Manuel Felício
quer que tenham mais formação para “poderem
contribuir para o crescimento da vida da Igreja mas sobretudo
para que as realidades temporais e o mundo em geral conheçam
Jesus Cristo e o fermento do Evangelho”. Nesta linha,
acentua a urgência de dinâmica da “várias
formas de presença dos leigos no mundo” quer
sob forma do organização tradicional, quer
“os chamados novos movimentos eclesiais”.
E em consonância deseja levar “as realidades
como a família, o mundo juvenil e a orientação
vocacional” à preocupação de
toda a Diocese.
O bispo coadjutor ao falar assim está com a determinação
de dar aos leigos o papel que lhes compete. Mas um trabalho
de conjunto se impõe claramente para levar a bom
termo esta tarefa que não se pode compadecer com
a visão de campanário de que falaram os
teólogos do Vaticano II. Honra, pois, à
coragem de D. Manuel Felício. E que ninguém
tenha medo deste desafio.
O sexto e o sétimo ponto convergem na colaboração
das dioceses da Região Centro e Nordeste ( Guarda,
Lamego, Bragança e Viseu). Há vários
anos que os bispos das dioceses do Centro se encontram
mensalmente, tendo produzido inclusive documentos de grande
actualidade e acertando critérios comuns de actuação.
Quanto ao Nordeste, a colaboração tem como
denominador comum o Instituto Superior de Teologia de
que o bispo coadjutor foi primeiro Reitor. D. Manuel Felício
deseja reforçar mais esta dupla colaboração
e, em concreto, aprofundá-la na formação
de leigos com o ensino das Ciências Religiosas em
ligação com a Universidade Católica.
Aliás, a formação aparece no seu
discurso como uma palavra-chave. O que é um bom
sinal para o futuro. Face a tanta ignorância religiosa
de muitos cristãos mesmo comprometidos e às
exigências do mundo moderno, a formação
é pedra de toque para a missão da Igreja.
D. Manuel Felício entra na Diocese com garra e
determinação e objectivos precisos e claros.
Que todas as comunidades cristãs, padres, movimentos
de leigos, associações, religiosos e os
agentes das várias formas de apostolado acompanhem
solidariamente o vigor e o entusiasmo do bispo coadjutor,
em união com D. António dos Santos, para
cumprir as metas anunciadas.
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