Poucas foram as alegações
dos membros do júri perante este tese pioneira.
Amélia Augusto, docente no Departamento de Sociologia
da Universidade da Beira Interior apresentou um estudo
que enquadra “pela primeira vez, o tema da infertilidade,
no contexto social.
Emergente nas notícias, também no meio científico,
nomeadamente no campo da medicina, este assunto sempre
foi tratado ao sabor das correntes que sobre ele têm
influência. Torna-se uma certeza, com esta tese,
o facto da infertilidade ser uma doença. Como tal,
“tem todo um processo clínico de diagnóstico
e de cura”. No entanto, o que a investigadora social
traz de novo é o facto “desta mesma doença
ter impacto ou contornos sociais”. Segundo a autora
do estudo, a patologia, quando diagnosticada, “chega
a ter receitas sociais”. A fuga a comportamentos
sexuais de risco ou a gravidez em idades aconselhadas,
são algumas das prescrições médicas
que “têm fundamentos sociais”.
Uma das características que apaixonou Amélia
Augusto foi o facto de “este ser um tema que se
tem vindo a impor na agenda”. Durante todo o processo
de investigação, onde foram ouvidos casais,
médicos e outros especialistas houve tempo para
chegar a um denominador comum. “Este é um
assunto multidisciplinar”, sublinha a investigadora
social. Contudo, “tem sido tratado de forma hermética
por cada campo que toca”. Política, religião,
ciências médicas e outros, são alguns
dos “lobbies” que filtram a informação
que chega ao grande público.
Segundo a autora, o debate
em torno deste tema ganha cada vez mais importância
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Debate torna-se urgente
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Esta tese “é um primeiro passo para o efectivo
debate deste assunto”, refere o júri constituído
por Pedro Manuel Botelho Hespanha, professor associado
da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, João
Carlos de Freitas Nunes, professor associado da Faculdade
de Economia da Universidade de Coimbra, Graça Maria
Carapinheiro, professora associada do Instituto Superior
de Ciências do Trabalho e da Empresa, Maria Johanna
Christina Schouten, professora associada da Universidade
da Beira Interior, Alcides de Almeida Monteiro, professor
auxiliar da Universidade da Beira Interior, António
Fernando Tavares Cascais, professor auxiliar da Faculdade
de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova
de Lisboa e Cristina Lage Bastos, investigadora auxiliar
do Instituto de Ciências Sociais da Universidade
de Lisboa. O carácter pioneiro do estudo consegue
“desenhar alguns caminhos que têm de ser tomados
para que haja uma verdadeira abordagem de um assunto tão
delicado”, remata a mais recente doutora da UBI.
A falta de um debate global sobre este assunto tem vindo
a criar “preconceitos sociais que nem sempre são
os mais correctos”. A tecnologia, por outro lado,
utilizada pela medicina tem, nestes casos, “uma
dimensão humana”, explica Amélia Augusto.
As soluções aplicadas para este tema e para
esta patologia, “devem também carecer de
uma visão social, de uma fotografia geral do mundo
dos pacientes”, adianta Amélia Augusto.
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As conclusões agora alcançadas levam
a novos estudos |
No final da apresentação de três
horas, na Sala dos Actos da Reitoria da UBI, a docente
de sociologia confessou querer descansar, “relativamente
aos estudos”. Esta pesquisa mostrou-se “um
verdadeiro desafio”, visto tratar-se de uma área
“inovadora, inexplorada, mas que era imperativo
estudar”. As entrevistas, a escrita da tese e sobretudo,
o apontar de alguns caminhos, “são bases
para futuros trabalhos”, reitera a autora. Esta
docente frisou ainda o facto de, em Portugal, “não
se conhecerem quaisquer dados relativamente à vida
dos casais”. Números esses que possam dar
início ou ajudar em trabalhos académicos.
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