Falou-se de tudo um pouco
na primeira sessão pública do ano de 2005.
O Salão Nobre da Câmara da Covilhã recebeu
alguns munícipes que apresentaram o seu “descontentamento”
para com o trabalho da actual equipa camarária. Como
habitual, o tempo cedido à população
foi levado a bom porto sem grande custo pelo vice-presidente
da autarquia, Alberto Alçada Rosa. Contudo, foi logo
no diálogo entre políticos e munícipes
que a falta de equipamento sonoro adequado se fez sentir.
A retirada dos microfones das sessões públicas
parece ter mesmo sido a única medida anunciada durante
uma reunião onde surgiram muitos pontos de agenda,
mas nenhum deles com grande destaque. Mesmo depois das várias
reclamações por parte dos jornalistas, a actual
equipa camarária decidiu retirar, de forma definitiva,
os microfones e os restantes aparelhos de som, do salão
nobre.
Este episódio tem vindo a arrastar-se de forma dissimulada,
há vários meses. Ainda durante o passado ano,
os profissionais de comunicação, nomeadamente
das estações de rádio foram confrontados
com a falta de microfones e de aparelhagem específica
que distribui o som. O “sumiço” dos microfones
foi depois explicado pelo autarca Carlos Pinto, como “uma
falha da funcionária da câmara”. Segundo
o edil, a mesma julgava que a reunião tinha carácter
privado, e daí ter colocado os microfones na sala
onde o executivo reúne à porta fechada. No
entanto, os microfones nunca mais foram colocados na mesa
de trabalhos do salão nobre. Questionado sobre este
facto, Alçada Rosa garante agora que o executivo
decidiu retirar “de forma definitiva” aquele
equipamento da sala. Segundo o vice-presidente da Câmara
da Covilhã, tal equipamento requer “um funcionário,
no local, a tempo inteiro”.
Alteração ao orçamento
Quem não ficou calado, com ou sem microfones foi
o vereador da oposição Miguel Nascimento.
O socialista refere que “esta câmara está
a demonstrar uma gestão desorientada”. Logo
após a aprovação do Plano e Orçamento
de 2005, em Assembleia Municipal, o executivo social-democrata
vem já requerer alterações. Alçada
Rosa minimiza este gesto e explica que se trata “de
um simples ajuste”. Ainda assim, Nascimento sublinha
“a falta de organização” do
executivo laranja. Uma outra prova apresentada pelo único
vereador na oposição prende-se com o “ajuste
das contas da Escola Profissional de Artes da Beira Interior
(EPABI). Isto porque, a câmara vai ter de pagar
cerca de 200 mil euros à instituição,
para além de todas as ajudas que têm sido
dadas. Uma cláusula constante do acordo celebrado
aquando da criação da EPABI refere que a
Câmara da Covilhã faculta à EPABI
uma verba de 7,5 por cento do seu orçamento anual.
Segundo Nascimento, “esta medida nunca poderia estar
correcta e tem de ser revista”. Isto porque “se
o orçamento da escola for de 100 mil euros, a ajuda
é de um valor, mas se o montante for de um milhão
de euros, essa ajuda cresce na mesma proporção”,
acrescenta o socialista.
O ponto alto de todas as confusões desta reunião,
onde foram sendo acrescentados vários pontos à
agenda, foi numa intervenção do vereador
responsável pelo associativismo. Joaquim Matias
protestou, de forma violenta, contra a gestão da
EPABI feita durante o mandato do socialista Jorge Pombo.
Nascimento “desarmou” o vereador social-democrata
ao lembrar este de que as contas “por essas alturas”
eram geridas por Maria do Rosário, actual vereadora
da cultura na Câmara da Covilhã. |