As próximas sessões de câmara não vão contar com o apoio de sistema sonoro
Sessão de Câmara
O mistério dos microfones

Numa reunião marcada por acontecimentos insólitos, a única decisão anunciada foi a retirada dos microfones da mesa de trabalhos. Sem que o presidente da autarquia estivesse presente, foram acrescentados à agenda mais de uma dezena de pontos.


Por Eduardo Alves


Falou-se de tudo um pouco na primeira sessão pública do ano de 2005. O Salão Nobre da Câmara da Covilhã recebeu alguns munícipes que apresentaram o seu “descontentamento” para com o trabalho da actual equipa camarária. Como habitual, o tempo cedido à população foi levado a bom porto sem grande custo pelo vice-presidente da autarquia, Alberto Alçada Rosa. Contudo, foi logo no diálogo entre políticos e munícipes que a falta de equipamento sonoro adequado se fez sentir. A retirada dos microfones das sessões públicas parece ter mesmo sido a única medida anunciada durante uma reunião onde surgiram muitos pontos de agenda, mas nenhum deles com grande destaque. Mesmo depois das várias reclamações por parte dos jornalistas, a actual equipa camarária decidiu retirar, de forma definitiva, os microfones e os restantes aparelhos de som, do salão nobre.
Este episódio tem vindo a arrastar-se de forma dissimulada, há vários meses. Ainda durante o passado ano, os profissionais de comunicação, nomeadamente das estações de rádio foram confrontados com a falta de microfones e de aparelhagem específica que distribui o som. O “sumiço” dos microfones foi depois explicado pelo autarca Carlos Pinto, como “uma falha da funcionária da câmara”. Segundo o edil, a mesma julgava que a reunião tinha carácter privado, e daí ter colocado os microfones na sala onde o executivo reúne à porta fechada. No entanto, os microfones nunca mais foram colocados na mesa de trabalhos do salão nobre. Questionado sobre este facto, Alçada Rosa garante agora que o executivo decidiu retirar “de forma definitiva” aquele equipamento da sala. Segundo o vice-presidente da Câmara da Covilhã, tal equipamento requer “um funcionário, no local, a tempo inteiro”.

Alteração ao orçamento

Quem não ficou calado, com ou sem microfones foi o vereador da oposição Miguel Nascimento. O socialista refere que “esta câmara está a demonstrar uma gestão desorientada”. Logo após a aprovação do Plano e Orçamento de 2005, em Assembleia Municipal, o executivo social-democrata vem já requerer alterações. Alçada Rosa minimiza este gesto e explica que se trata “de um simples ajuste”. Ainda assim, Nascimento sublinha “a falta de organização” do executivo laranja. Uma outra prova apresentada pelo único vereador na oposição prende-se com o “ajuste das contas da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI). Isto porque, a câmara vai ter de pagar cerca de 200 mil euros à instituição, para além de todas as ajudas que têm sido dadas. Uma cláusula constante do acordo celebrado aquando da criação da EPABI refere que a Câmara da Covilhã faculta à EPABI uma verba de 7,5 por cento do seu orçamento anual. Segundo Nascimento, “esta medida nunca poderia estar correcta e tem de ser revista”. Isto porque “se o orçamento da escola for de 100 mil euros, a ajuda é de um valor, mas se o montante for de um milhão de euros, essa ajuda cresce na mesma proporção”, acrescenta o socialista.
O ponto alto de todas as confusões desta reunião, onde foram sendo acrescentados vários pontos à agenda, foi numa intervenção do vereador responsável pelo associativismo. Joaquim Matias protestou, de forma violenta, contra a gestão da EPABI feita durante o mandato do socialista Jorge Pombo. Nascimento “desarmou” o vereador social-democrata ao lembrar este de que as contas “por essas alturas” eram geridas por Maria do Rosário, actual vereadora da cultura na Câmara da Covilhã.