Uma das explicações
para a elevada taxa de sinistralidade rodoviária
em Portugal reside na cultura de impunidade que se sente
ao volante de um automóvel. A falta de capacidade
para admitir erros e a prática constante de “atropelos”
ao código da estrada levam a que o território
luso seja apontado como um dos piores em termos rodoviários.
Quando comparado com os restantes países europeus,
Portugal apresenta os números mais assustadores.
Isto porque “as pessoas não assumem que as
infracções cometidas na estrada, são
comportamentos anti-sociais, explica o engenheiro José
Miguel Trigoso, secretário-geral da PRP.
Outro dos pontos que tem contribuído para o “desastre
rodoviário” é a massificação
de portugueses encartados. Nos números trazidos por
José Trigoso, “em 1975 havia 800 mil carros,
hoje há 5 milhões e meio”.
Engenheiros podem ajudar
No anfiteatro 8.1, aos representantes das forças
policias e dos centros de inspecção periódica
juntaram-se os alunos das várias engenharias leccionadas
na UBI. Foi para estes últimos que o secretário-geral
da PRP direccionou grande parte da sua palestra.
No entender de José Trigoso, “o papel dos
engenheiros na boa execução e localização
geográfica, no planeamento urbano do trânsito
e na sinalização é fundamental para
evitar acidentes”.
A esta teoria foi acrescentado o exemplo do Itinerário
Principal 5 (IP5). Uma “óptima via”,
nas palavras de José Trigoso, que “é
muito mal interpretada”. Por vezes, “a sensação
de segurança, o alargamento de vias e outras intervenções
não se fazem acompanhar por medidas suplementares
de segurança e alerta”. Daí que os
acidentes aumentem, em vez de diminuir.
Numa conferência onde foram apresentados e discutidos
vários aspectos que se prendem com a rodovia, como
a “condução sob o efeito de álcool,
as multas por excesso de velocidade e o número
de operações de fiscalização,
o papel que os engenheiros podem representar na melhoria
das condições de circulação
mereceu grande destaque. José Trigoso lembrou que
as estradas devem estar ambientadas ao seu meio. Numa
estrada de montanha, o condutor deve esperar curvas acentuadas
e desníveis condizentes. O mesmo não deve
acontecer numa auto-estrada, onde as vias são mais
largas e rectas e as curvas muito mais suaves. A transmissão
deste tipo de conhecimentos é, para os responsáveis
do Departamento de Engenharia Electromecânica, organizadores
do evento, “um factor de aprendizagem muito importante”. |