A
vibração é profunda, mas
não tão profunda como a alma que
se desprende da voz rouca de Prince Wadada que
tem agarrada ao seu timbre a cor própria
de Angola e o doce balanço de uma terra
imensa que se espraia em cada canto de “Natty
Kongo”.
Wadada é uma voz conhecida de todos os
que seguem com um mínimo de atenção
as sinuosas viagens do som reggae/dub em Portugal.
Prince Wadada foi pisando o palco ao lado de projectos
como Cool Hipnoise, Despe & Siga, General
D ou até Gentleman, o superstar do reggae
alemão que pisou o palco do Sudoeste e
que chamou Prince Wadada para dividir atenções
consigo. E a ligar todos esses momentos o que
se encontra é a procura de uma voz e um
lugar próprio. Primeiro com a edição
de “Kem é Kem”, o seu registo
de estreia, em 1998. E agora, seis bem preenchidos
anos depois, com a chegada de “Natty Kongo”.Claro
que o balanço principal de “Natty
Kongo” é puro Roots, mas há
ecos de drum n’ bass, acid jazz, dancehall,
hip hop e até de clássicas baladas
rock and roll (escute-se, por exemplo, “Anabela
Toi et Moi”).
A ponta de lança desta colecção
de canções é, claro, “Táxi
Para Luanda”, o single que tem coleccionado
uma invejável carreira nas listas de airplay
das mais significativas rádios nacionais.
Hino à saudade dedicado a todos quantos,
como Wadada, largaram Luanda à procura
de um sonho. Mas Wadada está de olhos bem
abertos e “Natty Kongo” é uma
conquista bem real.