Segundo o docente da UBI, a investigação
nacional na área da Geotecnia, está no bom
caminho
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Investigação
sísmica
A ciência dos terramotos
Quando as “manifestações
naturais”, como o terramoto e maremoto ocorridos
na Indonésia ganham dimensões catastróficas,
os estudiosos da terra ganham uma atenção
redobrada. Passado o perigo, retomam aos bastidores da
ciência e às investigações
de um planeta em movimento.
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Por Eduardo
Alves
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As rochas são apenas
mais um instrumento de apoio para as aulas de Geologia Estrutural
leccionada por Pedro Gabriel Almeida. Docente no Departamento
de Engenharia Civil e Arquitectura da Universidade da Beira
Interior é também perito na área da
Geotecnia. Um dos muitos que neste momento investiga as
movimentações da terra, o crescimento da crosta
terrestre e todos os movimentos associados ao desenvolvimento
do planeta.
De tanto olhar, estudar e “ler” a morfologia
das rochas, Pedro Almeida foi desenvolvendo uma paixão
especial por estes componentes, resultado de transformações
naturais. É por entre pedaços de rochas, cartas
topográficas e maquetas da região, que o docente
de Geologia explica o planeta Terra.
Como qualquer ser vivo, o planeta habitado pelo homem está
em crescimento e logo, “move-se, é dinâmico”.
A simplicidade posta na explicação ganha contornos
bastantes diferentes quando Pedro Almeida recorre a vários
sites da Internet para explicar os resultados da mais recente
manifestação do planeta. O terramoto ocorrido
a 250 quilómetros de Banda Aceh, na Indonésia
atingiu 7,9 pontos na Escala de Richter. Este professor
assistente mostra alguns gráficos e tenta explicar
os resultados do confronto entre duas placas tectónicas.
“Os continentes, a Terra, é formada por enorme
placas que se movimentam”, refere o docente. O contacto
entre esses enormes blocos provoca tensões, “que
quando acumulam demasiada energia, provocam os terramotos”.
Sem conseguir comparar com nada “produzido pelo imaginário
humano”, Pedro Almeida limita-se a debitar a frieza
dos números do terramoto da Indonésia, que
provocou um dos mais mortíferos maremotos registados
até hoje. Este especialista em geotecnia explica
que “o fundo oceânico, ao longo de mil quilómetros
sofreu uma quebra de 15 metros”. Uma das placas “conseguiu
afundar a outra”, o resultado foi “a movimentação
de uma enorme massa de água que se propagou, em forma
de ondas até à costa de vários países”.
Este fenómeno “não pode ser registado
todos os dias”, remata, com algum alívio, o
docente. Segundo o mesmo, “existem no planeta, zonas
que as investigações conseguiram delimitar,
com mais ou menos perigo ou probabilidade de ocorrência
de sismos”. A Ásia, a América, junto
à Falha de Santo André, uma das mais estudas,
vigiadas e controladas de todo o planeta e até a
costa marítima portuguesa, “são locais
com maior probabilidade de actividade sísmica”.
Contudo, todo o avanço científico e conhecimento
registados em torno dos sismos e das actividades do planeta
“não conseguem ainda determinar a ocorrência
e o grau de magnitude de um sismo”, esclarece Pedro
Almeida. O docente apenas diz que “existe uma capacidade
de determinar que num período de tempo e numa dada
região, a probabilidade de ocorrer um sismo é
alta”.
Portugal não é área de risco |
A serra da Estrela é atravessada por uma
das maiores falhas sísmicas de Portugal |
Os estudos realizados em torno da geotecnia, ganha maior
destaque logo após o sismo de Banda Aceh, o maior
desde 1946. Por todo o mundo, as imagens difundidas que
documentam a tragédia humana levam as populações
a pensar “e se fosse no meu país”. Pedro
Almeida lembra que Portugal não é um país
de risco eminente. “Embora tenha alguns antecedentes
e seja atravessado por algumas falhas importantes”,
o território nacional não se apresenta, para
já, nas zonas de risco.
Ainda assim, este professor assistente que prepara agora
uma tese de doutoramento nesta área explica que “é
bom que se registem sismos”. Estudioso da serra da
Estrela, onde monitoriza a Falha da Vilariça, “que
atravessa todo o maciço central”, Pedro Almeida
diz que os sismos de fraca amplitude são escapes
da energia acumulada pelas placas tectónicas. Energia
essa “que se vai dissipando sem que as pessoas tenham
conhecimento”. São vários os sismos
registados todos os anos na região serrana, “mas
apenas uma pequena parte consegue ser detectadapelo homem”,
acrescenta.
Com todos os estudos e monitorizações, os
resultados alcançados pelos geólogos dão
origem a cartas sísmicas que vão ajudar na
escolha de materiais e tipos de construção
de edifícios em zonas de maior ou menor ocorrência
sísmica.
Saber ler e interpretar os sinais dados pela Terra e por
todos os agentes naturais são necessidades de quem
trabalha nesta área. Isto porque, mesmo com toda
a monitorização e conhecimento do planeta
“ainda é muito difícil prever com alguma
exactidão, a ocorrência de fenómenos
naturais”. Daí que a responsabilidade de alerta
das populações esteja “nas mãos
de um conjunto relativamente significativo de pessoas”.
Os esforços de todos quanto estudam estes fenómenos
caminham no sentido de melhorar e antecipar a ocorrência
de actividades terrestres. Contudo, a “geologia continua
a ser uma ciência de paciência”. |
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